domingo, junho 17, 2012

soluções para problemas ambientais Negociações simuladas sugerem



Rio Clima tenta mostrar à ONU que Rio+20 pode ter resultados concretos.
Grupo sugere mudanças políticas e econômicas pela sustentabilidade.

Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata à presidência (Foto: Tadeu Meniconi/G1)Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-
candidata à presidência (Foto: Tadeu Meniconi/G1)
Ambientalistas do grupo Rio Clima apresentaram neste domingo (17) uma série de sugestões dos pontos de vista econômico e político para reduzir as emissões de carbono. Apesar de não ser o tema central da Rio+20, a mudança climática – diretamente relacionada às emissões de carbono – faz parte da agenda de discussões do desenvolvimento sustentável.
A iniciativa do Congresso Federal, liderada pelo deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), está conduzindo uma negociação paralela à da conferência das Nações Unidas, simulando os entraves que a redação de qualquer texto do tipo enfrenta. O objetivo é mostrar que é possível chegar a avanços concretos ao longo da Rio+20.
A ideia é inspirada num projeto chamado “Iniciativa de Genebra”. No início da década passada, após o fracasso de negociações de paz entre o governo israelense e autoridades palestinas, ministros dos dois lados seguiram negociando secretamente e elaboraram um acordo de paz não oficial.“Quando a gente senta para debater e fazer uma simulação, é porque está sendo feita uma denúncia grave de que aqueles que poderiam fazer na realidade não estão fazendo”, definiu Marina Silva, que foi ministra do Meio Ambiente de Lula e candidata a sucedê-lo na presidência em 2010, pelo PV.

O resultado foi oferecido aos cidadãos dos dois lados, mas as autoridades não aceitaram a sugestão, e até hoje não há um acordo de paz para a região.
“A lição mais importante para mim foi que a solução não é o suficiente. Faz parte do desafio. Encontrar soluções é muito, muito, muito, muito importante, mas é só o começo. O principal é tocar os tomadores de decisão, e isso só acontece se eles souberem que há uma verdadeira demanda da opinião pública”, aconselhou Yossi Beilin, que representou o lado israelense e foi um dos idealizadores do projeto.
O Rio Clima, que termina na próxima quinta-feira (21), ainda não chegou ao fim de suas negociações paralelas, mas já ofereceu algumas recomendações para as autoridades que definem o texto no Riocentro.
Deputado Alfredo Sirkis (PV/RJ) é um dos idealizadores do Rio Clima (Foto: Tadeu Meniconi/G1)
Deputado Alfredo Sirkis (PV/RJ) é um dos
idealizadores do Rio Clima (Foto: Tadeu
Meniconi/G1)
“Precisamos de uma mudança fundamental de direção. O que tentamos fazer em poucas e honestas recomendações é apontar algumas dessas mudanças muito fundamentais que precisa acontecer, se nós queremos ir além de promessas”, afirmou Yvo de Boer, ex-secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
“Não é só o governo na convenção do clima que precisa ouvir isso, mas o pensamento de todo o mundo que tem que se voltar para como fazer a revolução”, completou Cristiana Figueres, que hoje ocupa o mesmo cargo. “É uma revolução de toda a nossa estrutura social, de todo o nosso sistema econômico”.
“Nunca enfrentamos uma revolução desse tamanho e ela nunca foi tão urgente. Mas outra coisa que temos que saber, que nos incentiva, é que nunca foi tão possível. Nunca foi tão possível porque nós temos as tecnologias”, argumentou.
Para o Rio Clima, no entanto, a criação do novo indicador não basta. “Nós temos que mexer no PIB, e não criar um ‘pibzinho verde’, que a gente possa se divertir, enquanto os governantes continuam contabilizando desmatamento, derramamento de petróleo e acidente de carro como alguma coisa de crescimento econômico”, disse Alfredo Sirkis.A primeira sugestão do grupo foi a revisão do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos por um país, enquanto principal indicador da economia de um país. A medição é alvo de críticas de ambientalistas há anos, o que deu origem a um novo indicador, o Índice de Riqueza Inclusiva, criado por órgãos da ONU.
Além disso, o grupo pediu a atribuição de valor econômico aos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas; investimento massivo do governo em energias limpas, na recuperação ambiental e na geração de empregos; a eliminação de subsídios para os combustíveis fósseis, estabelecendo formas de compensação social, já que a medida causaria alta dos preços de produtos e serviços em geral; e uma reforma do sistema financeiro, com mecanismos para atrair capital para uma economia produtiva de baixo carbono.
Por fim, foram sugeridas a adoção de normas que deem mais transparência ao cumprimento de metas de redução dos gases estufa, o desenvolvimento de mecanismos internacionais voltadas para o clima e a maior discussão do tema dentro da ONU.

Tadeu MeniconiDo G1, no Rio de Janeiro

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