segunda-feira, agosto 27, 2012

Chapada dos Guimarães


Lugar, no Mato Grosso, mostra porque é um destino tão especial no coração da América do Sul


O Terra da Gente deste sábado (18/08) leva você a uma viagem pela Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Um lugar onde, para qualquer lado que se olhe, se encontra um capricho da natureza. E os repórteres do programa (Marcelo Ferri e Sávio Domingos) exploram todos os detalhes desse endereço fantástico. Uma região que, quem diria, já foi geleira, mar, deserto e até refúgio de dinossauros. A equipe do Terra da Gente visita uma cidade de pedra, onde o tempo, o vento e a chuva transformaram o arenito em obras de arte. A Chapada é ainda um paraíso das águas, com cavernas, rios e um show de cachoeiras. São mais de 400. Um dos momentos mais interessantes é a visita à Lagoa Azul. O lugar onde a cor da água muda só por meia hora! Tudo por causa do efeito da luz do sol entre as frestas da caverna. As lentes do programa registram também as mais belas aves do Cerrado. E mostram a tradicional dança do siriri. Faz ainda uma visita a um antigo ponto de exploração de pedras preciosas na companhia de um experiente garimpeiro: Seo Salvador, que ainda espera encontrar a pedra dos sonhos. Na Hora do Rancho, uma receita de pintado. No molho, um toque de urucum, corante usado pelos índios que faz sucesso na cozinha.

TG 722 – Chapada dos Guimarães
O coração da América do Sul
Seja pelos paredões de arenito ou pelas rochas que despontam entre a vegetação. Seja pela água que desce o penhasco ou pela vida que pulsa dentro dela. Seja pelos pássaros, as flores, a cultura. Por tudo isso, a Chapada dos Guimarães é surpreendente. Um paraíso no coração da América do Sul, no meio do caminho entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Fica a apenas 70 km de Cuiabá, capital de Mato Grosso.
Olhando de perto não há como não admirar o visual. A 800 metros de altitude, a equipe do Terra da Gente vive a experiência de ficar acima de algumas nuvens. E tudo se torna ainda mais fantástico quando se descobre as transformações pelas quais este lugar passou.
Há 500 milhões de anos tudo isso estava coberto de gelo. Depois virou mar, um santuário de vida marinha, que escoou totalmente e deu lugar a um deserto. Mais recentemente, há 64 milhões de anos, havia neste lugar uma densa vegetação que servia de alimento para os dinossauros. O visual que se vê hoje é resultado do afundamento de uma imensa placa tectônica que deu origem à Chapada dos Guimarães.
As trilhas são a melhor forma de conhecer os segredos da Chapada. Os repórteres do TG caminham cerca de 5 km por uma área de preservação dentro de uma fazenda. Quem os acompanha é um grupo de biólogos e uma experiente guia local. Aniluce Brito chama a atenção para a vereda repleta de buritis, uma espécie de palmeira típica do Cerrado. O chão é de pedra e cascalho. O arenito é o responsável por algumas das obras de arte naturais da Chapada dos Guimarães, como uma ponte de pedra que o grupo encontra pelo caminho. "Ela é esculpida pela chuva, pelo vento. Ela vai se desgastando sempre de baixo para cima", explica Aniluce.
Seguindo a trilha em meio ao Cerrado a equipe do programa encontra mais um capricho da natureza. A caverna "aroe jari", que significa "morada das almas" no dialeto da etnia bororo, os índios que habitaram esta região. É a maior caverna de arenito do Brasil, com um quilômetro de galerias, completamente escuras. O salão principal tem 25 metros de altura. Mas por questão de segurança a travessia não é permitida.

Na caverna vizinha, menor, uma beleza incomparável. A água nasce entre as rochas e, em determinado ponto, forma uma piscina natural. A luz refletida no fundo de areia é responsável pela cor que dá nome à caverna: Lagoa Azul. E o mais curioso: este efeito só ocorre durante meia hora no dia. É o horário em que os raios de sol encontram espaço entre os galhos da árvore e as fendas na rocha. Pelas outras galerias o fenômeno se torna ainda mais bonito. Um presente para quem se dispôs a explorar os mistérios da Chapada dos Guimarães. Em alguns minutos o sol vai embora e o poço volta a ser como antes.
Acesso para poucos
Os caminhos da Chapada não são dos mais fáceis. Se não é água, é piso de areia fofa. Ou estrada estreita, que mal dá par passar com a caminhonete. A equipe do TG chega ao Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, uma área de 30 mil hectares protegida desde 1988. Apenas um trecho dá para andar de carro, depois só a caminhada leva ao destino.
O grupo entra por uma trilha de vegetação nativa. A subidinha exige fôlego dos participantes da aventura. Não é extensa, mas bem íngreme. O lugar é chamado de Crista do Galo. Mais à frente, a equipe chega à Cidade das Pedras. As formações das rochas lembram prédios em uma cidade. Mas habitantes aqui, só mesmo as aves.
Os repórteres do TG seguem em frente por uma área do Parque, fechada à visitação. A entrada só foi possível através de uma autorização especial e a companhia de dois guias credenciados.
Ao chegar à beira do abismo, entendemos o motivo de tanto cuidado. Um passo em falso pode significar a morte. São 200 metros de queda livre. Não é exagero dizer que estamos diante de uma obra de arte, esculpida pelo vento, pintada pelo tempo.
"A cor vermelha que se vê predominantemente no paredão é devido ao óxido de ferro no arenito e onde ele está mais exposto. Quer dizer que houve desabamentos recentes", esclarece o guia André Luiz Cumpri.
Véu de Noiva
Água e pedra. A leveza de uma contra a dureza da outra. Mas na natureza a insistência sempre vence a rigidez. O rio levou séculos para fazer o vale entre as montanhas e aos poucos também abre caminho pela rocha. Despenca por 84 metros em queda livre. Altura equivalente a de um prédio de 28 andares. Este é o "Véu de Noiva", o cartão postal da Chapada dos Guimarães. Pode ser visto há quilômetros de distância.
Ao mesmo tempo que protege a cachoeira, a rocha não resiste à força da água. Em 2008 uma pedra se soltou e causou a morte de um turista. Desde então a visita ao pé da cachoeira está proibida. O Véu de Noiva fica dentro do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Mas por aqui não há limites geográficos para os espetáculos da natureza.
No alto da serra há centenas de nascentes que formam córregos de água pura e cristalina. Mas por causa da geografia do terreno, volta e meia eles encontram quedas bruscas e aí formam cachoeiras. São mais de 400. A Cachoeira do Pingador é uma pintura. Harmonia perfeita entre pedra, água e vegetação. Daqueles lugares em que a gente chega e não quer mais sair. As piscinas naturais ficam escondidas no meio da mata. E são os peixes os protagonistas do espetáculo. Os cardumes de lambaris não se intimidam com a presença de estranhos. Pelo contrário, gostam de acompanhar os mergulhadores. A água filtrada constantemente pela areia é transparente. Permite apreciar todo o visual do poço e do rio.
À medida que ganha volume o rio oferece novas possibilidades. A equipe decide fazer uma exploração de caiaque inflável, chamado de duck – pato, em inglês. Andam pela água transparente, rodeada de mata verde. Nas piscinas naturais o caiaque desliza pela água límpida. Calmaria que termina quando o rio estreita. Em algumas partes dá para desembarcar e mergulhar. Mais à frente o Rio Claro encontra o Coxipozinho e passa a se chamar Coxipó do Ouro. Assim como este, estão na Chapada dos Guimarães os principais rios que abastecem o Pantanal. Água que já nasce dando espetáculo.
Santuário de várias espécies
A proximidade com o Pantanal e a Floresta Amazônica ao mesmo tempo faz da Chapada dos Guimarães um santuário de espécies. É só caminhar pela mata ao amanhecer para ter uma ideia disso.
Bem cedo o saí-andorinha se despede da lua. As araras-vermelhas saem do ninho. Elas passaram a noite bem protegidas pela fenda no paredão. Logo já estão sobre as árvores buscando comida.
Mas há espécies que não saem dos penhascos. É preciso ter olhar atento para ver o pequenino jibão-de-couro. Ele vive na vertical. Dá pequenos vôos para buscar comida e volta. Sempre longe dos predadores.
Do lado de baixo não falta comida para as emas. No chão elas encontram o café da manhã. No alto das árvores os araçaris se alimentam de sementes e frutinhas. A mesa é farta e florida para quem acorda cedo.
O udu-de-coroa-azul tem o peito amarelo, o dorso verde e um detalhe curioso no rabo: duas penas mais compridas que lembram uma raquete de tênis. O formato se deve à perda natural das estruturas laterais ao longo da vida. Um realce para chamar a atenção da fêmea, assim como os outros desenhos na plumagem da cabeça.
O maior tesouro está na área de Cerrado, com uma imensa diversidade de pássaros. Acompanhamos o ornitólogo Fabiano Oliveira na busca de uma das mais recentes descobertas deste lugar: o suiriri-da-chapada. O canto gravado em um dos encontros serve para atraí-lo. Em minutos, a resposta. Um casal pousa na árvore bem na frente do grupo de observadores. De asas para o alto eles cantam e repetem várias vezes um tipo de dança. É como se dissessem que são os donos do pedaço. Esse comportamento é exclusivo desta espécie.
Foi por isso mesmo que há pouco mais de 10 anos pesquisadores descobriram que este era um tipo diferente de suiriri, batizado posteriormente como o suiriri-da-chapada. Até então acreditava-se que este era o suiriri-cinzento, uma espécie irmã, que é mesmo muito parecida. Os últimos registros revelam que a espécie recém-descoberta também ocorre em outros penhascos do Planalto Central. Mas vai, para sempre, ser lembrado como autêntico morador da Chapada dos Guimarães.
A dança do Siriri
Uma flor desabrochou no interior da Chapada dos Guimarães. Foi para semear a tradição da música e da dança. O siriri está na raiz do povo matogrossense. Quem cultivou a história colhe frutos a cada estação.
"Flor do Cambambi" é o nome do grupo que brotou aos pés do Morro do Cambambi. Ele ficou conhecido há 60 anos quando pesquisadores encontraram ali o esqueleto de um dos maiores dinossauros do mundo, o abelissauro.
Os ossos fossilizados foram retirados e hoje estão em exposição no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A descoberta científica não conseguiu acabar com as lendas sobre os ossos gigantes nos arredores do Cambambi.
"Para nós era um gigante que morreu em cima da serra. Aí vieram uns estudantes e falaram que era dinossauro, mas para nós é o gigante", conta Deodato Alves de Oliveira, cantor do grupo folclórico.
As histórias do garimpo
Depois do encontro com o grupo de dança, a equipe do Terra da Gente corta a estrada de terra vermelha atrás das histórias escondidas do outro lado do morro, pouco conhecidas pela maioria dos turistas que visitam a Chapada dos Guimarães. Lá há relíquias enterradas. E não são apenas ossos de dinossauros.
A descoberta das jazidas de diamante na década de 20 atraiu os exploradores do sertão. Os garimpos deram origem aos bairros Água Fria e Cachoeira Rica, que ainda guardam marcas do auge e da decadência do garimpo.
No auge da exploração do diamante trabalhavam na região cerca de 3 mil garimpeiros. Eles moravam em um lugar absolutamente isolado e usaram o dinheiro obtido com a pedra preciosa para construir toda infra-estrutura no lugar onde viviam: casas e estabelecimentos comerciais. Não há aqui quem não tenha a história ligada ao garimpo.
Seo Salvador é do tipo que gosta de contar histórias e nos convida para um passeio pelo passado. Ele se arruma, coloca a roupa de garimpeiro para mostrar como era na época em que ele garimpava e o pai dele também.
Seguimos nas trilhas do antigo garimpo para um ponto que já foi explorado. As pedras menos valiosas ficaram esquecidas aos montes pelo caminho. Seo Salvador elege um barranco para cavar. Com enxada e picareta encontra o cascalho. O material bruto vai para a peneira. Os olhos estão sempre atentos. É a água do rio que lava as pedras. E onde mora a esperança do garimpeiro.
Com técnica e experiência ele junta e espalha o material recolhido, remexe o cascalho e torce para que a sorte brilhe na peneira. Mas a expectativa escoa pelo rio, diminui a cada batida. A insistência é de quem já encontrou alguns tesouros.
O último Seo Salvador guarda como amuleto. Mas o diamante que mudou a vida do ex-garimpeiro foi bem maior. "25 quilates e um grão. Vendemos na época por 5 milhões de cruzeiros", conta. Com o dinheiro ele comprou o garimpo e de empregado virou patrão. Mas levou um golpe do destino. Meses depois a extração industrial do diamante foi proibida nesta área. Hoje apenas o garimpo artesanal é permitido. Garantia de preservação do Meio Ambiente e um fio de esperança nos sonhos do Seo Salvador.

Agradecimento:
ICMBio
PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS GUIMARÃES

Fonte: Via EPT
V

terça-feira, agosto 21, 2012

No Haiti, projeto de reciclagem abre janela de esperança


Na capital do Haiti, Porto Príncipe, a atmosfera das ruas é caótica em todos as formas sensoriais. Os córregos e rios secam no verão e dão espaço a verdadeiras enxurradas de lixo. Se no Brasil as políticas para o tratamento de lixo apenas agora começam a ganhar corpo, no Haiti a falta delas e de qualquer presença do poder público leva a proliferação de doenças como o cólera.
   
Durante minha passagem pelo Haiti conheci uma rara iniciativa que destoa desse ciclo de desesperança : trata-se de uma cooperativa de reciclagem que coleta restos de papel para transforma-los em pequenos briquetes, que servem como combustível fóssil nas residências. A recicladora emprega 420 pessoas e é mantida com recursos de uma ONG escocesa e do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Toussaint, um haitiano robusto e de fala mansa é o coordenador da empreitada. "Eles [os haitianos] estão começando a ver que o lixo jogado nas ruas vale dinheiro", diz ele.  Após o término do processo tradicional de reciclagem do papel, um sistema simples de secagem e prensa dá forma a centenas de briquetes, que susbstituem o carvão para cozinhar e aquecer o banho. Pode não ser o ideal, mas poupa a derrubada de árvores. "Hoje, as pessoas usam carvão para cozinhar e isso causou muita destruição ao país", conta Toussaint. Por ano, cerca de 50 milhões de árvores são derrubadas. Segundo números da ONU, resta apenas 2% da floresta original do país.

É uma migalha em um país carente como o Haiti. Mas também é uma centelha que pode levar a multiplicação dessa iniciativa.   



((O)) Eco

sábado, agosto 18, 2012

Pesquisa mostra avanço na consciência ambiental do brasileiro

Samyra Crespo apresenta resultados de pesquisa durante coletiva de imprensa. (Foto: Martim Garcia/MMA)
Há 20 anos, um grupo de pesquisadores liderados pela pesquisadora Samyra Crespo foi a campo pela primeira vez para traçar o percepção dos brasileiros sobre o meio ambiente. Ontem (16), a 5ª edição da pesquisa foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). A comparação dos resultados ao longo do tempo mostra que a preocupação ambiental está crescendo. Sim, o brasileiro se preocupa com o meio ambiente.
Na primeira edição da pesquisa, em 1992, o tema meio ambiente não figurava entre os 10 principais problemas do país. Esse ano entrou, pela primeira vez, na lista dos 10 maiores problemas na opinião dos brasileiros. Está em sexto lugar, atrás de, nesta ordem, saúde, violência, desemprego, educação e qualidade dos políticos. O número de pessoas que apontaram que o meio ambiente é o principal problema do Brasil dobrou de 6% (em 2006) para 13%.

Descentralização
Entre 1992 e 2012, aumentou o número dos que acham que a responsabilidade pelo meio ambiente é de governos municipais. Aqueles que acreditavam que este era um problema  Ao longo dos últimos 20 anos, aumentou a parcela de quem considera o meio ambiente um problema regional ou local. O percentual de daqueles que colocam a maior responsabilidade sobre os governos estaduais (em vez do governo federal) quase dobrou, subindo de 33% para 61%. Aqueles que concentram a responsabilidade nas prefeituras subiram de 30% para 54%.

Desenvolvimento: não a qualquer custo
Foi sistemático o crescimento dos que se opõem ao progresso econômico à custa da exploração insustentável dos recursos naturais. Nessa pesquisa, ele chegou a impressionantes 82% da população. Nas edições anteriores este quesito mantém os mesmos percentuais impressionantes: 67% em 1997, 72% em 2001 e 75% em 2006.

Perguntados sobre a melhor razão para sentir orgulho de ser brasileiro, 28% apontaram a natureza como causa desse sentimento.

O desmatamento continua a ser a maior preocupação. Em 92, na primeira pesquisa, 47% o consideravam o pior problema. Nos números divulgados ontem, o percentual subiu para 67%. Em seguida, veio a poluição de rios e lagos e outras fontes de água, com 38,5%.

Sacolinhas e lixo
Dos pesquisados, 85% estão dispostos a aderir à campanha de redução do uso de sacolas plásticas. Onde há campanha, 76% aderiram.

A preocupação com o lixo galgou posições no ranking dos desafios ambientais. Coleta, seleção e destino preocupavam 4% das pessoas entrevistadas em 1992. Hoje, o número saltou para 28%.

Nas regiões Sul e Sudeste, 48% afirmaram que fazem a separação dos resíduos nas residências. “Muitas vezes a disposição da população não encontra acolhimento de politicas públicas. Muitas vezes o cidadão separa em casa e a coleta do lixo vai e mistura os resíduos”, afirmou Samyra Crespo, durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira. Ela é secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA e coordenadora do estudo desde a sua primeira edição.

O levantamento foi feito pelo CP2 pesquisas entre os dias 15 e 30 de abril. Foram entrevistadas 2.201 pessoas com idades a partir de 16 anos, residentes em áreas urbanas e rurais em todas as regiões do país.

O relatório da pesquisa, com 74 páginas, pode ser lido na íntegra aqui.




Fonte: ((o))eco

terça-feira, agosto 14, 2012

MMA anuncia bons números sobre o desmatamento na Amazônia

Depois de 3 meses retendo os dados de desmatamento do sistema Deter, hoje de manhã (2/08), o Ministério do Meio Ambiente deu boas notícias. Em coletiva, a ministra Izabella Teixeira informou que o desmatamento caiu 23% no período de agosto de 2011 a julho de 2012, comparado com os 12 meses anteriores.

A seguir, está a tabela divulgada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os números marcados em laranja chamam atenção. Entre abril e junho, o Mato Grosso foi o estado que liderou o desmatamento. Em abril, sozinho derrubou 178,5 km2, ou 76,7% do total do mês. Em julho, perdeu a liderança para o Pará, que nesse mês desmatou 93,5 km2 ou 43,5% do total.

Abril Maio Junho Julho Total por estado
Abr-Jul
Acre - 1,3 - 1,0 2,3
Amapá - - - - 0,0
Amazonas 2,1 12,8 5,7 18,5 39,1
Maranhão - 1,8 2,5 6,7 10,9
Mato Grosso 178,3 34,3 47,7 51,1 311,4
Pará 33,5 23,7 37,7 93,0 187,9
Rondônia 18,2 22,7 13,2 37,5 91,7
Roraima - - - - 0,0
Tocantins 0,5 2,3 0,7 6,0 9,4
Total da Tabela 232,6 99,0 107,5 213,7 652,7


Nesses 4 meses, o bioma amazônico perdeu 652 km2, equivalentes a 40% do município de São Paulo. Desse total, o Matogrosso respondeu por 311,4 km2 ou cerca de metade (48%), seguido do Pará, com 188 km2 ou 29% do total desmatado. Abaixo, a tabela com os percentuais de cada estado no mês e na área total derrubada.

É importante notar que o Deter é um sistema de alerta, cujas medições podem ser distorcidas pela cobertura de nuvens da época em que o satélite faz as imagens que alimentam a análise. Números referentes a períodos pequenos são pouco representativos. O número mais importante é a variação acumulada no ano. A queda de 23% neste período é alvissareira.

Abril Maio Junho Julho % total
Acre 1,3% 0,5% 0,4%
Amapá
Amazonas 0,9% 12,9% 5,3% 8,6% 6,0%
Maranhão 1,8% 2,3% 3,1% 1,7%
Mato Grosso 76,7% 34,7% 44,4% 23,9% 47,7%
Pará 14,4% 23,9% 35,1% 43,5% 28,8%
Rondônia 7,8% 22,9% 12,3% 17,6% 14,0%
Roraima
Tocantins 0,2% 2,4% 0,6% 2,8% 1,4%
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
 
Fonte: ((O))eco

As maravilhas naturais do Brasil vistas do espaço

Nossa seleção de maravilhas naturais vistas do espaço fez tanto sucesso que resolvemos repetir a dose. Só que desta vez selecionamos só lugares aqui no Brasil. Aprecie abaixo as belezas que nosso país oferece, em imagens retiradas do Google Earth, e conheça um pouquinho mais sobre elas lendo alguns textos publicados por ((o))eco.



Cataratas do Iguaçu

Esparramadas por 2.700 metros na fronteira entre Brasil e Argentina, as Cataratas foram eleitas uma das novas sete maravilhas da natureza por voto popular. As cachoeiras compõe um complexo de quase 300 quedas d’água, com um desnível médio de cerca de 60 metros, embora a Garganta do Diabo, a mais famosa e que marca a fronteira entre os dois países, tenha 82 metros de altura. Não é a toa que o nome das quedas, Iguaçu, designe água grande na sua origem em língua tupi.

Cataratas do Iguaçu, imagens da maravilha da natureza


Fernando de Noronha

Localizado a 540 km de Recife (PE), encanta cerca de 60 mil turistas por ano com seus 17 km² de preciosa beleza cênica. Todo este capricho da natureza conquistou o reconhecimento internacional quando, em 2001, ganhou da Unesco o título de “Sítio do Patrimônio Mundial Natural”.

Fernando de Noronha, o paraíso ameaçado


Lençóis Maranhenses

Não existe no Brasil área como os Lençóis Maranhenses. O litoral leste do estado, a cerca de 200 quilômetros de São Luís, tem as maiores dunas de toda costa brasileira, numa área de transição entre a floresta amazônica, o Cerrado e a Caatinga. A biodiversidade única naquele local, e, sobretudo, a sua beleza cênica justificaram em 1981 a criação de um parque nacional que, raridade entre os demais, tem até plano de manejo e ainda pouquíssimos impactos.

Por baixo dos lençóis


Pantanal

O Pantanal é uma imensa planície aluvial. Sua paisagem inclui uma variedade de sub-regiões ecológicas, incluindo corredores de rios, matas ciliares, pântanos e lagos perenes, pastagens e florestas sazonalmente inundadas terrestres. A fauna do Pantanal é extremamente variada e inclui 80 espécies de mamíferos, 650 aves, 50 répteis e 400 peixes. Densas populações de espécies de interesse de conservação, como onças, veados pantaneiros, tamanduás-bandeira e ariranhas vivem na região.

Uma aula de Pantanal com onça e tudo


Restinga de Marambaia

Numa cidade como o Rio de Janeiro, que cresceu em detrimento de restingas como a de Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon e Barra da Tijuca, a Restinga da Marambaia resguarda informações relevantes sobre a biota dessa parte do litoral brasileiro. Esse patrimônio vem sendo preservado graças as Forças Armadas que coíbem a caça, a pesca predatória, a retirada de madeira, areia e a especulação imobiliária, tornando a Marambaia um paraíso da flora e fauna do Estado do Rio de Janeiro.

O último refúgio da Mata Atlântica


Ilha Grande

Localizada entre as duas maiores metrópoles do Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro) e cercada pela imponente Serra do Mar, a baía da Ilha Grande abriga 187 ilhas e ilhotas, criando um cenário de grande beleza paisagística no litoral sul fluminense. Diversas unidades de conservação protegem parte deste patrimônio natural, na tentativa de manter a biodiversidade tanto terrestre como marinha da baía.

Imerso na baía Ilha Grande


Encontro das águas

As águas escuras do Rio Negro se encontram com as águas barrentas do Rio Solimões, correndo por mais de 6 km sem se misturar. Já fez parte de nossa seleção anterior, mas sempre vale a pena apreciar este fenômeno da natureza, agora um pouquinho mais de perto.

Imagens da Nasa sobre o rio Negro


Paulo André Vieira
((O)) eco

Adeus Força Verde: Paraná extingue seu batalhão florestal

Crianças do projeto Guardiões da Natureza, da Força Verde, aprendem sobre preservação da natureza e marcham como soldados. Foto: wikimédia.

Falta a assinatura do governador do Estado do Paraná, Beto Richa, para que se torne válido o decreto que extingue o Batalhão de Polícia Ambiental, também conhecido como Força Verde, especializado em fiscalização ambiental. Pela proposta, o efetivo policial será utilizado no combate ao crime e no aumento de viaturas nas ruas, segundo fonte ouvida pelo Oeco. De acordo com reportagem publicada no jornal Gazeta do Povo, que teve acesso aos documentos do projeto, não há data definida para as mudanças na polícia do Paraná.
 
Promessa de campanha do atual governador do Estado,  a reestruturação dos órgãos de Segurança Pública do Paraná, outrora esperada com aporte de recursos para o aumento do efetivo policial através de novos concursos e um plano de polícia cidadã, se encaminha para a extinção dos batalhões especializados (Polícia Rodoviária Estadual, Patrulha Escolar e Força Verde) e distribuição dos seus quadros dentro do policiamento ostensivo.

Criado em 4 de abril de 1957 (e na época chamado de Corpo de Polícia Florestal), através da Lei Estadual nº. 3076, o Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde (BPAmb-FV) foi o segundo corpo policial especializado na área criado no Brasil (o primeiro foi em São Paulo) e possui um efetivo de 575 policiais, “montante defasado para o desenvolvimento das atividades de policiamento ambiental em todo o estado”, segundo o próprio website da corporação. O Batalhão é dividido em 4 companhias, cada uma contando com 4 pelotões.

O erro de estratégia do governo do Paraná é seguir a anedota do “cobertor de pobre”: tentar reforçar uma área que precisa aumentar o efetivo policial desmobilizando outra (que também já estava carente). O projeto  de reestruturação se chama “Renascimento da Polícia Militar”. Pretende melhorar a eficácia da corporação, mas com a extinção do Batalhão Ambiental, já de início é controvertido: o efetivo de policiais da Força Verde representa apenas cerca de 3% do efetivo total da Polícia Militar paranaense, de14,5 mil policiais. Juntos, os batalhões especializados prestes a serem extintos não chegam a 10% do total de homens.

A utilização de polícias especializados no patrulhamento urbano também é algo a ser levar em conta. Não se sabe se a inserção destes policiais no combate ao crime urbano será tão eficiente quanto de seus colegas, já treinados para tal função. Da mesma maneira, a utilização de policiais sem conhecimento especializado na área ambiental pode criar consequências severas pela falta de conhecimento dos profissionais no âmbito.

E principalmente, valerá a pena desmatelar um batalhão que representa apenas 3% do efetivo total da Polícia Militar paranaense, para combater crimes urbanos? 

A fórmula já foi seguida pelo governo do Mato Grosso e aparentemente não deu certo. Em 2007 o governo Blairo Maggi extinguiu o Batalhão Florestal do estado, que acabou sendo reativado em 2010.


Daniele Bragança e Márcio Lázaro
((O)) Eco

segunda-feira, agosto 06, 2012

CIDADES X VERDES

Nossa primeira viagem via satélite pelas áreas verdes das cidades rendeu muitas curtidas, comentários e emails dos leitores. Recebemos várias sugestões de áreas verdes urbanas, principalmente no Brasil, que mereciam ter entrado em nossa lista. Embarcamos então no Google Earth e fomos conferir as dicas dos leitores. Abaixo vocês podem ver o resultado de nossa viagem, agora se mantendo exclusivamente dentro de nosso país. As imagens foram retiradas do Google Earth.


Jardim Botânico Benjamim Maranhão, João Pessoa

O Jardim Botânico Benjamim Maranhão, antes popularmente conhecido como Mata do Buraquinho, é a maior floresta densa e plana cercada por área densamente urbanizada do mundo. O parque conta com espécies animais e vegetais típicas da mata atlântica. Além de área de lazer, o jardim botânico tem o objetivo de estudar espécies da fauna e da flora, desenvolver atividades de educação ambiental e preservar o patrimônio genético das plantas. Desde a criação do jardim botânico são visíveis as invasões às margens da reserva, onde podem ser constatados casos de subtração de território de preservação, assim como desmatamento.

Serra da Cantareira, São Paulo

A Serra da Cantareira abrange os municípios de São Paulo, Guarulhos, Mairiporã e Caieiras. Sua encosta sul pertence ao Parque Estadual da Cantareira, com 7.916 hectares, apresentando normas rígidas de preservação da mata atlântica nativa e portando poucas trilhas. Possui cobertura vegetal de mata atlântica além de diversidade de fauna e flora, abrigando cerca de 200 espécies de aves, dentre elas o tucano-de-bico-verde e o macuco. A Serra sofre atualmente diversos impactos e ameaças como as ocupações irregulares, desmatamentos e despejo ilegal de lixo e entulho.

Reserva Florestal Adolpho Ducke, Manaus

A Reserva Florestal Adolpho Ducke, com 100 km2, é limítrofe ao perímetro urbano da cidade de Manaus. Se encontra coberta por uma típica floresta tropical úmida de terra firme da Amazônia, ou Floresta Densa Tropical. A reserva se encontra em excelente estado de conservação, e não é aberta à visitação pública, com visitas permitidas apenas para propósitos de pesquisa e educação. Em sua borda encontra-se o Jardim Botânico Adolpho Ducke, o maior do mundo, possuindo mais de 5 km² de área para pesquisas e mais de 3km de trilhas, que levam o visitante ao interior da mata primária onde é possível encontrar árvores como um angelim-pedra (Dinizia excelsa) de 40 metros e 400 anos de idade.

Jardim Botânico, Brasília

O Jardim Botânico de Brasília foi o primeiro do Brasil com um ecossistema predominante de cerrado, e sua área já estar em parte delimitada desde a construção da cidade. Possui uma área de cerca de 5 mil hectares, dos quais 526 hectares são abertos à visitação, com plantas nativas e exóticas devidamente identificadas, além de uma trilha ecológica com 4.500 metros.

Parque Natural Morro do Osso, Porto Alegre

O Parque Natural Morro do Osso é um parque municipal de Porto Alegre, criado em 1994, e que oferece uma das mais belas vistas da cidade. Um dos últimos redutos de Mata Atlântica da região, o Morro do Osso é habitado por aves silvestres e bugios ruivos. O parque dispõe de uma sede com auditório para atividades educacionais e programas de educação ambiental. Visitas orientadas podem ser agendadas por instituições de ensino e pesquisa. Em abril de 2004 um grupo da etnia kaingang iniciou o processo de ocupação da porção oeste do Morro do Osso. Muitos ecologistas, incluindo a direção do parque, se manifestam contra presença dos indígenas no local, alegando serem eles a principal ameaça às fauna e flora existente no morro.

Parque Metropolitano de Pituaçu, Salvador

O Parque Metropolitano de Pituaçu está situado na orla marítima de Salvador. Com 425 hectares de área e um cinturão de Mata Atlântica, é fonte de lazer e turismo para a cidade com sua fauna e flora diversificadas, além da beleza da Lagoa de Pituaçu. Em 2006, foram plantados no entorno da lagoa, exemplares de pau-brasil, aroeira, pau-pombo, jenipapeiro, cajá, mangaba, cedro e ipês roxo e amarelo, visando a repor a área da mata perdida. O maior problema enfrentado pelo parque é a construção de grandes prédios que praticamente invadem a reserva, além da construção de uma nova avenida que deve cortar o parque.

Parque Ambiental do Utinga, Belém

O Parque Estadual do Utinga, localizado entre os municípios de Belém e Ananindeua, tem 1.340 hectares de área de floresta de terra firme, várzea e igapós, onde vivem várias espécies de mamíferos, répteis, anfíbios e insetos, além da grande variedade de aves e flora diversificada. Abriga os Lagos Bolonha e Água Preta, responsáveis por 60% da água que chega às casas dos municípios de Belém, Marituba e Ananindeua.

Parque Ecológico do Rio Cocó, Fortaleza

O Parque Ecológico do Rio Cocó é uma área de conservação localizado na cidade de Fortaleza. O manguezal do Rio Cocó em seus trechos preservados formam uma mata de mangues de rara beleza, situado no coração de Fortaleza onde várias espécies de moluscos, crustáceos, peixes, répteis, aves e mamíferos compõem cadeias alimentares com ambientes propícios para reprodução, desova, crescimento e abrigo natural. Por ter toda a sua área dentro do município de Fortaleza em região de grande desenvolvimento urbano, os limites do parque estão constantemente sofrendo problemas de impacto ambiental e degradação do bioma.


*Com informações da Wikipedia.
((O)) Eco

FAUNA

Nova espécie mede apenas 1,5 centímetro de comprimento e vive em regiões altas da Mata Atlântica do Paraná. (Foto: Divulgação)

Este sapinho acabou de ser descoberto. Ele mede 1,5 centímetro de comprimento e tem cor alaranjada. Só foi encontrado nas partes mais altas, acima dos 900 metros de altitude, da Reserva Natural Salto Morato, uma área 2,3 mil hectares de Mata Atlântica, administrada pela Fundação Grupo Boticário, em Guaraqueçaba, Paraná. A nova espécie foi denominada Brachycephalus tridactylus, devido a ter apenas três dedos nos membros da frente.

O pequeno anuro foi encontrado em fevereiro de 2007, pelo biólogo Michel V Garey. Mas só no mês de junho deste ano, a descoberta foi publicada e oficialmente reconhecida na revista internacional Herptologica. É a segunda espécie descoberta na regiáo. Em 2002, pesquisadores descreveram o bagre Listrura boticario, na mesma reserva.

A descoberta ocorreu durante um estudo da Universidade Federal do Paraná, com apoio da Fundação Boticário, que buscava comparar a diversidade de rãs, pererecas e sapos em paisagens distintas. Foram registradas 42 espécies de 9 famílias distintas. O B. tricactylus faz parte de um pequeno grupo de 5 espécies achadas em ambientes que não faziam parte do estudo.

Em todo o planeta, são mais de 6,7 mil espécies descritas de anfíbios. O Brasil tem a maior diversidade destes animais, com 946 espécies conhecidas até o momento. No Paraná, apesar de existiram mais de 120 espécies de anuros, existe pouca informação sobre eles, segundo Michel Garey.

“Estamos observando um declínio global dos anfíbios por diversos motivos: poluição da água e do solo, desmatamento, aumento da radiação ultravioleta, doenças, fungos, vírus... Enfim, precisamos preservar os locais onde eles ocorrem e estudar seus hábitos”, afirmou o pesquisador. “Esta espécie, por exemplo, ocorre no topo dos morros onde o clima é mais ameno e úmido. Com o aumento da temperatura, ela pode não ter para onde ir, pois não existem lugares mais frios para ela se mudar”.




Vandré Fonseca
((O)) Eco

quarta-feira, agosto 01, 2012

EcoFusca "Thomas" - O Fusca elétrico

                           
Ess é o Thomas, um fusca que não fala, de verdade. Fotos: divulgação
Essa Itamar Franco perdeu por pouco. O ex-presidente, falecido em julho desse ano, vibraria ao ver o seu querido Fusca repaginado para o século 21 na forma de um modelo 100% elétrico. O feito é de um grupo de engenheiros e estudantes de engenharia ligados a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Londrina, que chamou o modelo de Thomas.
A ideia se originou na década de 1980, quando o, hoje, empresário Jilo Yamazaki produziu um veículo elétrico como trabalho de conclusão do seu curso de engenharia. No início de 2011, com a ajuda de estudantes da Federal do Paraná, sua alma mater, Yamazaki partiu para a realização do sonho de construir com tecnologia de fácil acesso um novo veículo desse tipo. E pela praticidade, durabilidade e afeto que sempre teve dos brasileiros escolheu um Fusca para encarnar o projeto.

Equipe jovem, mecânica nova... Mas ainda precisa sujar as mãos
Em sete meses o Fusca Elétrico ficou pronto. Seu motor original de 1600 cc, refrigerado a ar, foi aposentado e trocado por um motor de corrente alternada de 15 cv nominal movido por 25 baterias de chumbo ácido. “Temos consciência de que existem outros tipos de bateria de mais rendimento, porém isso aumentaria o custo do projeto. Mantê-lo baixo era um dos nossos objetivos”, diz Yamazaki. O veículo consegue alcançar 60 km/hora e a essa velocidade tem cerca de uma hora de autonomia. É o suficiente para a rotina de quem mora na cidade. Seus criadores calculam o custo do quilômetro rodado em sete centavos de real, uma bagatela. Para não falar da vantagem de não poluir o ar ou fazer barulho.
Para quem achar que o projeto nasceu velho, lembre-se que foi o desenho do Fusca a primeira inspiração dos carros esporte Porsche, como o modelo 911, que foi atualizado através das décadas e continua não só à venda como mantém seu status de objeto de desejo dos aficionados.

A orgulhosa equipe que produziu Thomas, o EcoFusca, toda oriunda da Federal do Paraná, em Londrina
De qualquer forma, o Fusca elétrico prova que ninguém aguenta mais a lentidão com que as novas tecnologias de carros híbridos e elétricos chegam no Brasil. Do começo da produção até ter o carro rodando solto pelas ruas de Londrina foram apenas sete meses.
Então, se você for a Londrina, parar no sinal vermelho, e vir ao seu lado um Fusca que, em vez de trepidar e fazer um barulho borbulhante, for absolutamente silencioso, não se surpreenda. Apenas se encante.



Eduardo Pegurier
((O)) Eco


APPLE X ENERGIA

Projeto da sede de Apple: localizada em Cupertino, Califónia, tem formato de disco coador e telhado recoberto de painéis solares. Foto: Divulgação

Pesquisadores da Queens’s University, no Canadá, acreditam que o custo da energia produzida por células fotovoltaicas tem sido exagerado. Segundo eles, a tecnologia está prestes a ultrapassar o limiar em que poderá ser amplamente adotada, pois terá preço semelhante a fontes comuns, como termoelétricas.
Joshua Pearce, professor adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica e de Materiais, aponta que os cálculos para energia solar não tem levado em consideração a redução de custo dos painéis fotovoltaicos de 70% desde 2009. Outro fator que tem sido exagerado é a perda de eficiência das células fotovoltaicas ao longo do tempo. Enquanto a maioria dos estudos considera que essa decadência é de 1% ao ano, na verdade os painéis perdem apenas entre 0,1 e 0,2%. Pearce defende, junto com mais dois autores, seus números em artigo sobre o assunto que pode ser baixado aqui. O grupo também criou uma calculadora -- bastante técnica -- para fazer esse cálculo. Ela pode ser baixada em formato Excel aqui (repare o link no lado direito da página de web).

Talvez seja isso que está levando empresas de vanguarda a construírem sedes com enormes áreas cobertas por painéis solares. A Apple é uma delas. Pouco antes de falecer, Steve Jobs anunciou a nova sede da empresa, em Cupertino, Califórnia, que tem forma de disco voador. Toda a cobertura da estrutura, cerca de 46 mil metros quadrados, será recoberta de painéis solares capazes de produzir 5 MW. A nova instalação da Apple terá uma capacidade de produção de energia 3 vezes maior do que a da sede da Google e será a a maior nos EUA até que um novo prédio da ToysRus fique pronto e produza, de acordo com os planos, 5,4 MW.

O futuro telhado solar da nova sede da Apple – desde que o sol esteja brilhando -- poderá suprir o consumo de algo como 7 mil residências típicas californianas. Mesmo assim, não será suficiente para cobrir todo o consumo da empresa. Para complementar o total necessário e ser o mais verde possível, a Apple terá sua própria usina de energia baseada em gás natural. A rede pública de energia só será usada como alternativa em momentos de necessidade ou por conta de uma pane.
 
 
 
Eduardo Pegurier
Materia 11/2011
((O)) Eco

INGLATERRA

Chegar a 2050 com toda a frota de carros ônibus usando baterias/hidrogênio não vai ser tão caro assim, diz cientista inglês. Foto: Leonid Mamchenkov

Uma calculadora online desenvolvida à la software aberto gerou números que mostram que construir na Inglaterra, até 2050, uma matriz energética de baixo carbono custará 7,8% a mais do que repor a estrutura existente, intensiva em combustíveis fósseis.
Centenas de especialistas e um esforço extenso de revisão da literatura sobre o assunto estão por trás do desenvolvimento da ferramenta, que foi coordenado por David MacKay, consultor-chefe de ciência do Departamento de Energia e Mudanças Climáticas. A chamada Calculadora de Caminhos para 2050 permite formular e comparar custos de diferentes cenários energéticos no contexto inglês.

No primeiro cenário não se faz praticamente nada para reduzir emissões de carbono até 2050. Ele custaria por ano, para cada inglês, 4.682 libras até o ano de 2050. Já no cenário intensivo em energias renováveis esse valor sobe para 5.050 libras. A diferença é de 368 libras a mais (7,8%). Ela não leva em consideração os custos para a economia do aquecimento global. De acordo com um dos estudos mais conhecidos sobre o assunto, o relatório Stern, esses danos custariam por inglês 6.500 libras – que se somariam aos custos para gerar energia. Sob esse ponto de vista, o cenário intensivo em energias renováveis sai barato.
 
A alternativa de baixo carbono considera que, em 2050, para o total de energia usada no país, 55% deverá ser eólica e todos os carros e ônibus serão movidos por baterias ou células de hidrogênio.

“O uso de energia inglês pode ser dividido aproximadamente por três: transporte, aquecimento e eletricidade”, diz MacKay. “Desses, o transporte é o que custa mais caro, pois milhões de pequenas usinas de energia estão andando por aí – carros e caminhões – que usam energia com baixa eficiência”.

Uma das apostas de MacKay, que também é professor de física na Universidade de Cambridge, é na melhoria de eficiência no uso de energia. Ele acredita que é mais barato revitalizar casas e prédios para reduzir o consumo de energia do que construir novas usinas de força.
MacKay chegou ao cargo que ocupa no governo depois de escrever um best-seller chamado Energia sustentável – sem enrolação (em tradução livre de Sustainable Energy – Without the hot air). Ele disponibilizou o livro de graça na internet. Até agora, já foram feitos 400 mil downloads e vendidas 40 mil cópias impressas. O texto também já foi traduzido por voluntários para japonês, alemão, espanhol, húngaro, polonês e francês. 

Eduardo Pegurier
((O)) Eco

Tocantins: Novas UCs enfrentam burocracia e família Abreu



Ao todo, 9 milhões de reais destinados à conservação de um dos biomas mais ameaçados no planeta, o Cerrado, poderão escorrer pelo ralo no Tocantins. O recurso é destinado ao Projeto Cerrado Sustentável, do Fundo Mundial para o Meio Ambiente, financiado pelo próprio Fundo e pelo Banco Mundial, que prevê a criação 250 mil hectares de Unidades de Conservação de proteção integral até 2013. A verba está disponível, mas a morosidade do poder público e adversários políticos do projeto ameaçam a conservação de porções ideais do bioma para a biodiversidade.

Em 2004, estudos apontaram 3 áreas como prioritárias para a conservação no estado: Serra da Cangalha, com 64 mil hectares, Interflúvio Tocantins-Paranã, com 384 mil hectares, e Vale do Rio Palmeiras, de 159 mil hectares. Hoje, mesmo com os impactos ambientais que essas áreas sofreram em 7 anos, estudos complementares recomendaram dimensões bem menores para a criação dessas unidades de conservação. A Cangalha caiu para 16,8 mil hectares, Interflúvio para 105,4 mil hectares e Vale do Rio Palmeiras para 20 mil hectares, em um total de 142,2 mil hectares.

O objetivo do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês Global Environment Facility) é criar novas Unidades de Conservação nessas áreas, mas, além da lentidão usual da burocracia brasileira, outro fator também atrasa o projeto: aliados políticos do atual governo estão fazendo oposição às unidades. Na linha de frente, a senadora Kátia Abreu e seu filho, o deputado federal Irajá Abreu, pressionam o governador Siqueira Campos para deter o processo, especialmente nas áreas do Interflúvio e do Vale do Rio Palmeiras.

Conhecedor das áreas, o ornitólogo Túlio Dornas está preocupado com o prazo e o contexto político. Ele diz que a falta de agilidade é fruto do desinteresse do poder público. “As pessoas que estão trabalhando no processo reclamam da falta de apoio do governo estadual”, relata Dornas.

Procurado pelo ((o))eco, o secretário de meio ambiente e desenvolvimento sustentável do Estado, Divaldo Rezende, disse que o governo do estado está “consciente do compromisso assumido com o Banco Mundial” e acredita que não haverá empecilho para que os projetos sejam concluídos.  Entretanto, das 3 Unidades de Conservação previstas, a única que está com o processo adiantado é a de Serra da Cangalha, que será criada com o objetivo de preservar sítios naturais raros.

Mãe e filho questionam UCs

Clique nos mapas para ampliar
Em abril, o deputado Irajá Abreu encaminhou ofício ao governador solicitando que “não sejam criadas novas Unidades de Conservação Ambiental estaduais e federais no Estado”. No documento, ele justifica que o Tocantins já possui 50% das suas áreas protegidas, apoiado por uma tabela de números anexada, que demonstra esse cálculo através da inclusão de áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. Porém, falha em dizer que Unidades de Conservação de proteção integral cumprem exigências mais rigorosas de conservação.
No mesmo mês, Kátia Abreu enviou requerimento à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, solicitando o cronograma de instalação das futuras unidades de conservação federais e a descrição detalhada dos perímetros de suas áreas. O ICMbio tem 5 projetos de Unidades de Conservação para o Tocantins, sendo uma delas o Vale do Rio Palmeiras, que também é uma proposta estadual. No mesmo texto, a senadora argumentou que as unidades prejudicariam o agronegócio, pois parte das terras agricultáveis do estado seriam atingidas.

Procurado pelo ((o))eco, Irajá de Abreu, através de nota, reiterou o raciocínio e deu um número diferente. Segundo ele, a posição que defendeu junto ao governador é decorrência dos 61% (e não os 50% colocados no ofício) de terras do Tocantins já serem protegidas pela legislação ambiental, “razão pela qual não há necessidade de se criar novas áreas, ainda mais sem a previsão orçamentária para indenizar as eventuais desapropriações”.

Neste ponto, Irajá tem o apoio de Divaldo Rezende. “Ele não está errado. Como vamos criar UCs sem orçamento pra comprar as terras?”, disse o secretário. Entretanto, Rezende acredita que ainda há tempo hábil para conciliar a criação das novas Unidades de Conservação com o prazo dos financiamentos internacionais, mesmo que o orçamento não seja aprovado este ano.


Região não serve para o agronegócio

O total de áreas de proteção integral no Tocantins é bem diferente da conta do deputado Irajá. A parcela de áreas estaduais é de 290 mil hectares, ou 1,05% da área do estado, englobando os parques de Jalapão, Cantão e Lajeado, além do Monumento Natural de Árvores Fossilizadas. As áreas de proteção integral federais somam outros 2 milhões de hectares, ou 7,2% do Tocantins e incluem o Parque Nacional do Araguaia, Parque Nacional Nascentes do Rio Parnaíba e a Estação Ecológica Serra Geral. Dessa forma, o total de áreas de proteção integral do estado é de 8,25%. A adição de 142,2 mil hectares desses novos parques, equivalente a 0,5% do Tocantins, elevaria esse número para 8,75%.

De acordo com o biólogo Túlio Dornas, os argumentos de Kátia Abreu também não procedem. Tanto no Vale do Rio Palmeiras quanto em Paranã as terras são inadequadas para atividades agrícolas. No Vale, o solo tem alto teor de calcário, ruim para plantações.

Em Paranã, além das fortes secas, uma formação rochosa a mais de 1.000 metros de altitude, caracterizada de Cerrado Rupestre, também torna a região imprópria. Porém, a região é rica em manganês, o que excita outros interesses. “Existem pessoas sondando manganês em Paranã. Com o estabelecimento da ferrovia Leste-Oeste, há o interesse por instalar indústrias dessa matéria prima, já que teria escoamento pelo Maranhão e Bahia”, conta Dornas.

Em maio, fiscais do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) apreenderam pela segunda vez este ano duas retroescavadeiras extraindo manganês irregularmente na Serra do Mocambo. Silemon Bento França, fiscal do órgão, conta que as extrações sem licença são frequentes. “É comum termos esse tipo de denúncia aqui, a serra já está toda cavada”, declara.

Prioridade esquecida

No Vale do Rio Palmeiras e no Interflúvio Tocantins-Paranã, encontra-se os últimos remanescentes no Brasil da Floresta Estacional Decidual, mais conhecida como Matas Secas. Nesse tipo de vegetação, as árvores podem atingir uma altura superior a 25 metros. Suas copas são abrigo de vários pássaros, entre eles, o ameaçado periquito tiriba de pfrimeri (Pyhrrua pfrimeri). Estima-se, sua população nativa caiu em 50 anos para um quinto da original, devido ao desmatamento.
“Essa espécie assim como outras associadas às Matas Secas não são protegidas por nenhuma Unidade de Conservação no Tocantins”, conta Tulio Dornas, que estuda o pfrimeri com um grupo de pesquisadores das universidades federais do Tocantins e Goiás, em parceria com a SAVE- Brasil e apoio da Fundação O Boticário.

Corredor ecológico

Formado pelo triângulo compreendido pelos rios Paranã e Tocantins, o Interflúvio faz fronteira com o Goiás e destaca-se por ser uma área bastante singular, com grande possibilidade de se conectar com o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros e outras Unidades de Conservação, criando um mosaico protegido viável.

Dentro de uma perspectiva ecorregional, a UC Interflúvio Tocantins – Paranã seria uma área chave para a formação do Corredor Paranã- Pirineus, o único totalmente no Cerrado. Com ele, o vale do rio Paranã seria conectado à região de Pirenópolis e as nascentes dos rios das Almas e Corumbá. “Essa questão é importante, porque boa parte das áreas protegidas do Cerrado é pequena e isolada demais”, ressalta Fábio Olmos.
“O Vale do Palmeiras já foi muito impactado pela pecuária e pela construção de hidrelétricas. É um habitat frágil do ponto de vista de vulnerabilidade à erosão e mudanças climáticas”, conta Fabio Olmos, biólogo e colunista do ((o))eco. Olmos participou de pesquisas que avaliaram a biodiversidade da região sudeste do Tocantins. Ele conta que a única unidade de conservação de proteção integral das Matas Secas é o Parque Estadual Terra Ronca, em Goiás, e, como essa vegetação já foi quase extinta, as novas Unidades de Conservação aumentariam as chances de evitar seu desaparecimento.
Especialista em ecologia de aves da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Renato Pinheiro participou de consultorias para a criação das Unidades de Conservação. Ele ressalta que, através do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio/MMA), o Ministério do Meio Ambiente classificou a região sudeste do Tocantins como prioridade “alta e muito alta”. No entanto, nem mesmo a consideração do ministério colocou as Unidades de Conservação entre as ações prioritárias do governo tocantinense.

“As razões para essa classificação do MMA são baseadas nos diversos atributos naturais da região, como formações de valor cênico, abundância de recursos hídricos e uma elevada diversidade biológica”, explica Renato, completando: “Somado a isso, há ainda no projeto das duas Unidades de Conservação a presença de áreas com dimensões suficientes para a manutenção de populações em longo prazo e condições adequadas para manutenção de Cerrado”.

Paranã está na lista dos que mais desmataram
Em março deste ano, o Ministério do Meio Ambiente divulgou lista com os municípios que mais desmataram o Cerrado. Paranã, município onde fica  Interflúvio Tocantins-Paranã, aparecem entre os 9 citados no Tocantins.

Nas Avaliações Ecológica Rápidas (AERs), há relatos de que nesta área encontra-se  árvores raras com maior número de espécies de importância econômica, como o angico (Anadenanthera macrocarpa), ipê-amarelo (Tabebia alba) e o ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), taipoca (Tabebuia roseo-alba), aroeira (Miracrodruon urundeuva), jatobá (Hymenaea stigonocarpa) e o timbó (Magonia pubescens).

Segundo Olmos, as florestas que sobraram continuam sendo exploradas pela madeira. “Aroeiras costumavam ser comuns mas foram exterminadas. O gado solto nas florestas que restam impede o recrutamento das árvores”, diz.

Outra ameaça apontada pelos estudos complementares das Unidades de Conservação foram as extensas derrubadas de árvores para produção de carvão. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, os baixos preços das propriedades têm favorecido a aquisição de terras apenas para a instalação de carvoarias.




Leilane Marinho
((O)) Eco