terça-feira, agosto 21, 2012

No Haiti, projeto de reciclagem abre janela de esperança


Na capital do Haiti, Porto Príncipe, a atmosfera das ruas é caótica em todos as formas sensoriais. Os córregos e rios secam no verão e dão espaço a verdadeiras enxurradas de lixo. Se no Brasil as políticas para o tratamento de lixo apenas agora começam a ganhar corpo, no Haiti a falta delas e de qualquer presença do poder público leva a proliferação de doenças como o cólera.
   
Durante minha passagem pelo Haiti conheci uma rara iniciativa que destoa desse ciclo de desesperança : trata-se de uma cooperativa de reciclagem que coleta restos de papel para transforma-los em pequenos briquetes, que servem como combustível fóssil nas residências. A recicladora emprega 420 pessoas e é mantida com recursos de uma ONG escocesa e do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Toussaint, um haitiano robusto e de fala mansa é o coordenador da empreitada. "Eles [os haitianos] estão começando a ver que o lixo jogado nas ruas vale dinheiro", diz ele.  Após o término do processo tradicional de reciclagem do papel, um sistema simples de secagem e prensa dá forma a centenas de briquetes, que susbstituem o carvão para cozinhar e aquecer o banho. Pode não ser o ideal, mas poupa a derrubada de árvores. "Hoje, as pessoas usam carvão para cozinhar e isso causou muita destruição ao país", conta Toussaint. Por ano, cerca de 50 milhões de árvores são derrubadas. Segundo números da ONU, resta apenas 2% da floresta original do país.

É uma migalha em um país carente como o Haiti. Mas também é uma centelha que pode levar a multiplicação dessa iniciativa.   



((O)) Eco

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