sexta-feira, junho 15, 2012

Índios xavantes deixam de andar de metrô por falta de recibo no Rio


Indígenas e três assessores iriam comprar 15 cartões com carga de R$ 10.Eles foram de táxi após serem avisados de que não teriam comprovante fiscal.

Índio Xavante olha para os trilhos do Metrô na estação Praça Onze, na região central do Rio (Foto: Glauco Araújo/G1)Índio Xavante olha para os trilhos do Metrô na
estação Praça Onze, na região central do Rio (Foto:
Glauco Araújo/G1)
Um grupo de 13 índios xavantes, vindos do Mato Grosso na manhã desta sexta-feira (15), tentou usar o Metrô na estação Praça Onze para chegar ao Aterro do Flamengo, onde almoçaria, mas os indígenas desistiram de usar o transporte  porque a atendente informou que não teria como fornecer recibo ou algum comprovante da compra dos cartões.
Os três assessores que acompanham os xavantes na viagem ao Rio é que precisavam dos documentos para a aquisição de 15 cartões do Metrô com carga de R$ 10, totalizando uma compra de R$ 150. "É um absurdo, pois precisamos fazer a prestação de contas de todo o traslado feito por eles desde Mato Grosso até chegar ao Rio e, também, pelo deslocamento deles durante a permanência na cidade", disse Andreia Fanzeres.
Grupo de índios xavantes parados na frente da estação Praça Onze do Metrô (Foto: Glauco Araújo/G1)
Grupo de índios xavantes parado diante da estação
Praça Onze do Metrô (Foto: Glauco Araújo/G1)


O cacique Damião Paridzané já esteve no Rio de Janeiro em outras três ocasiões. "Nunca andei de Metrô. Hoje seria a primeira vez. Estamos muito cansados da viagem de três dias que fizemos de ônibus para chegar aqui", disse ele.
O grupo precisou de quatro táxis para chegar ao Aterro do Flamengo, onde está montada a Cúpula dos Povos. Por não conhecerem a cidade com detalhes, eles pediram para serem deixados na frente do Palácio do Catete, de onde seguiram a pé até a cúpula. O problema é que apenas dois dos táxis chegaram ao local com os xavantes. O restante do grupo, nos outros dois táxis, ficou perdido e só se reencontrou cerca de 30 minutos depois do previsto.
O grupo está no Rio para questionar as promessas feitas na Rio92 para devolução do território tradicional, do povo indígena Xavante de Marãiwatsédé. Desde aquela época, o governo brasileiro afirma que a terra, de onde os indígenas foram retirados à força em 1966, deveria ser plenamente ocupada pelos índios. "São 46 anos de luta", disse o cacique Paridzané.
Outro lado
Em nota, o MetrôRio informou que fornece recibo na compra de passagem, desde que sejam comprados nas máquinas de autoatendimento. A concessionária informou ainda que está oferecendo 10 mil acessos gratuitos a participantes da Cúpula dos Povos

Ainda segundo o documento, o MetrôRio disse que imprevisto relatado pelos índios não se deve a falta de recibo, já que todas as suas 35 estações dispõem de máquinas de autoatendimento, que são os equipamentos que fornecem tal documento e não em compras na bilheteria.

A concessionária disse que está disponibilizando 10 mil acessos/dia gratuitos para os participantes da Cúpula dos Povos alojados no Sambódromo, até o dia 22 de junho, como é o caso dos xavantes.
O acesso ao embarque, de maneira gratuita, é feito mediante o uso de pulseira identificadora do evento, com embarques exclusivos na Estação Praça Onze, das 7h30 às 10h30, e Estação Glória, das 20h às 23h.
Glauco AraújoDo G1 RJ

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