sexta-feira, junho 15, 2012

Jovem que diz ter viajado da Bélgica ao Rio em bike conta aventuras



Maud Bailly viaja há um ano; quando bicicleta quebrou, ela usou barco.
Colombiano que também participa da Cúpula deixou país há 1 ano e meio.

Uma bicicleta e o sonho de conhecer a Patagônia foram suficientes para a belga Maud Bailly, de 27 anos, deixar sua casa em Bruxelas e cruzar o mundo em duas rodas. Um ano depois e mais de seis mil quilômetros rodados, a jovem chegou ao Rio de Janeiro, onde participou nesta sexta-feira (15) da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20. Ela compartilhou com outros ciclistas as curiosidades e dificuldades que encontrou durante o percurso entre a Europa e a América do Sul.


Belga de bicicleta (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)Maud diz que conhecer o mundo a bordo da bike é sonho de infância  (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)


"Conhecer os lugares de bicicleta é uma forma ecológica e humana, além de facilitar o contato com as pessoas. Acredito que também consigo mostrar que as mulheres são guerreiras e podem fazer as mesmas coisas que os homens. Pedalo mais de 120 km por dia, arrumo o pneu da minha bicicleta, e não tenho medo do desconhecido. Aliás, é isso que move a minha vida, descobrir e conhecer novas pessoas”, resume a belga, acrescentando que conhecer o mundo de bike era um sonho de infância.
“Ainda não sei se vou conseguir fazer tudo de bike. É comum eu sentir câimbras e dores nas costas. Mas essa não é a principal dificuldade. O pior é a saudade que eu sinto das cidades e pessoas que conheço”, conta a jovem, que morou um mês emTeresópolis, na Região Serrana do Rio, onde atuou em uma ONG que ajudou na reconstrução da cidade, uma das mais afetadas pela chuva na tragédia de 2011.A bicicleta de Maud ganhou a companhia da barraca e de uma mochila, que carrega poucas peças de roupa, além de uma câmera fotográfica e comida necessária para no máximo dois dias. “Percebi que não preciso de muitas coisas para viver. Essa viagem me fez entender que preciso apenas do básico. Me desfiz do meu computador quando parei na Espanha. Entro em contato com meus pais e os amigos de Bruxelas uma vez por semana, quando paro em algum café com computador e internet”, explica a aventureira.


Barcos, ônibus e caronas de caminhão

Durante a viagem, os pneus da bicicleta de Maud ficaram desgastados, então ela utilizou barcos, ônibus e caronas de caminhão para cumprir o roteiro. Ainda faltam cerca de sete mil quilômetros para chegar à Patagônia.
Além das pessoas e lugares, Maud aprendeu com a expedição vários idiomas. Ela fala de maneira fluente o inglês, francês, português, alemão, turco e espanhol. No Brasil, a jovem chegou há dois meses e meio, no Amapá, após uma passagem pela Guiana. Ela elegeu a Amazônia como o lugar mais incrível que já conheceu.
Durante o passeio pela floresta, a jovem conta que viu ao menos 13 cobras. “Fiquei com muito medo. Elas eram enormes, mas como as respeitei, elas não me atacaram”, brinca a belga.


Colombiano  (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)Colombiano Rubén deixou Bogotá para
viagem sem destino (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)
Na Cúpula dos Povos, Maud conheceu o ciclista colombiano Rubén Baqueiro, de 29 anos. Há 1 ano e meio, ele deixou Bogotá para uma viagem sem destino e sem roteiro, também a bordo de uma bicicleta.


“Fiquei com muito medo. Os ônibus aqui correm e não respeitam os ciclistas. Meu coração foi a mil, principalmente nos túneis. Uma cidade tão bonita como essa deveria criar mais espaços para incentivar o uso da bicicleta”, falou Rúben.
Após conhecer o Rio, o colombiano pretende estender a viagem sobre duas rodas para aArgentinaParaguai e Uruguai. “Vivo basicamente de doações. Preciso apenas de saúde e felicidade para seguir em frente”, resumiu o rapaz
Rúben chegou ao Rio na quinta-feira (14). Desde então, ele já pedalou mais de 40 km, entre o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, e o Aterro do Flamengo, na Zona Sul. Para o ciclista, a cidade deveria ter mais ciclo-faixas, principalmente nos túneis.



Tássia Thum
Do G1 RJ.

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