Em reunião fechada, países criticam 'falta de ambição' de texto da Rio+20
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Os delegados dos quase 200 países presentes à Rio+20, Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, criticaram, em reunião
fechada, na noite deste sábado (16), o rascunho do texto final da
conferência apresentado pelo Brasil. O G1 teve acesso à
fala dos delegados da União Europeia, Estados Unidos, G77-China,
Canadá, Suíça, Bolívia, Japão, Quênia e Equador. A maioria deles afirmou
que falta “ambição” ao texto e detalhes quanto às ações necessárias
para alcançar o desenvolvimento sustentável.
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Os delegados dos quase 200 países presentes à Rio+20, Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, criticaram, em reunião
fechada, na noite deste sábado (16), o rascunho do texto final da
conferência apresentado pelo Brasil. O G1 teve acesso à
fala dos delegados da União Europeia, Estados Unidos, G77-China,
Canadá, Suíça, Bolívia, Japão, Quênia e Equador. A maioria deles afirmou
que falta “ambição” ao texto e detalhes quanto às ações necessárias
para alcançar o desenvolvimento sustentável.
O rascunho do documento final da Rio+20, ainda em análise pelos países
participantes da conferência, não eleva ao status de agência o Programa
das Naçoes Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma, descarta fundo
bilionário para países pobres e adia a criação dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.
'Hora de concluir'
Após a reunião, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo disse ao G1 que o texto reflete a ambição apresentada pelos negociadores. “Quanto mais ambiciosos os negociadores forem, mais ambicioso o texto vai ser. Claro que, do nosso ponto de vista do Brasil, queremos mais ambição. Mas agora está na hora de encontrarmos um texto, e esse é o texto mais ambicioso possível”, afirmou. O negociador brasileiro destacou ainda que “nunca todos ficarão satisfeitos.”
União Europeia
O delegado da União Europeia afirmou que o texto “não é suficientemente ambicioso”. “Temos muito trabalho a ser feito em pouco e precioso tempo. O texto fala só de forma genérica sobre os países em desenvolvimento. A União Europeia não se sente ouvida. Não é um texto que represente avanço a ponto de merecer ser apresentado aos chefes de Estado e de Governo”, afirmou.
Canadá
“A presidência da Rio+20 colocou o texto em um formato que facilita as negociações, mas também acreditamos que há sérios problemas a serem resolvidos nos próximos dias”, disse o delegado do Canadá.
Estados Unidos
“Concordamos com o Canadá. Somos gratos ao Brasil pelos avanços no texto, mas temos sérias preocupações que vamos expressar nos próximos dias”, afirmou o diplomata norte-americano.
G77
Representado por um delegado chinês, o G77 fez duras críticas à falta de “ambição” do rascunho. “Ainda há muito o que discutir. A lista está crescendo conforme examinamos o texto. Existe certamente uma falta de ambição no texto, principalmente no que concerne aos meios de implementação. As delegações terão dificuldade em demonstrar aos chefes de Estado e governo que firmaram compromissos importantes em assuntos que permanecem no nível de processos e conceitos a serem desenvolvidos no futuro”, afirmou.
Bolívia
A delegação da Bolívia destacou que o maior problema do texto é o parágrafo que trata de água. “A maior preocupação é com a questão da água. O direito humano à água não está expresso no texto. No parágrafo 121, o direito ao acesso seguro a água potável está ligado à saúde mental e física. Não entendemos como o direito humano à água pode ser expresso nesses termos”, criticou.
Equador
A delegação do Equador também criticou o trecho que trata da eliminação de combustíveis fósseis. “No geral, apoiamos os esforços do Brasil. Mas estamos muito preocupados com o parágrafo sobre combustíveis fósseis”, afirmou.
Japão
O delegado japonês se limitou a dizer que apresentará sugestões ao texto no decorrer das negociações. “Temos questionamentos que apresentaremos no curso das discussões. Vamos trabalhar duramente por um acordo”, afirmou.
Quênia
“Temos que começar a compreender que estamos lidando com o planeta Terra”, destacou a delegação do Quênia.
O delegado da União Europeia disse que o bloco “não foi ouvido” nas
negociações. “O texto não é suficientemente ambicioso. Temos muito
trabalho a ser feito ainda em pouco e precioso tempo”, afirmou na
reunião, presidida pelos negociadores-chefes do Brasil, Luiz Alberto
Figueiredo e André Corrêa do Lago.
O bloco G77+China, do qual o Brasil faz parte ao lado de outros países
em desenvolvimento, afirmou que as delegações “terão dificuldade” em
demonstrar aos chefes de Estado e governo que assumiram “compromissos
importantes”.
Além da reação dos delegados que participam da negociação, membros da
sociedade civil também criticaram o rascunho. Para a WWF, faltou
novidade na proposta.
“Este texto da presidência brasileira [da Rio+20] só recicla velhas
histórias. Há muito pouca coisa nova que já não tenhamos tido
compromisso antes. Nós gostamos de reciclagem, mas não de compromissos
políticos”, criticou Lasse Gustavsson, presidente da delegação da
organização WWF na Rio+20. “A parte forte do texto é a que trata dos
oceanos. Isso não é surpresa, porque é a última parte do patrimônio
global que ainda não foi regulada”, analisa.
Segundo Figueiredo, o texto não deverá sofrer mudanças significativas
até a próxima terça-feira (19), quando termina o prazo para apresentar a
redação final. “Mudar muita coisa, não. Agora é a hora de concluir e
não de mudar.”
Veja a posição apresentada pelos países sobre o rascunho da Rio+20:
A Bolívia também se opôs a parágrafo do texto voltado à eliminação de
combustíveis fósseis, considerados grandes poluidores. “Se recebermos
incentivo financeiro e transferência de tecnologia, aí sim poderemos
trabalhar no processo de racionalização desse tipo de energia”, disse. O
país pediu um texto mais concreto na parte de tecnologia e
financiamento das ações de sustentabilidade.
Do G1, no Rio
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