sexta-feira, junho 29, 2012
CIDADES JARDINS
Das cidades jardins a segregação urbana
As cidades jardins são um modelo de cidade idealizado por Ebenezer Howard, no final do século XIX, onde ele propôs uma comunidade autônoma cercada por um cinturão verde num meio-termo entre campo e cidade. A ideia era aproveitar as vantagens do campo eliminando as desvantagens da grande cidade.
“Cidade e campo devem estar casados,
e dessa feliz união nascerá uma
nova esperança, uma nova vida,
uma nova civilização”
(Ebenezer Howard)
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Ebenezer Howard foi um notável urbanista e criou o diagrama dos três imãs, escreveu apenas um único livro em vida intitulado Garden Cities of Tomorrow, onde ele procurou expor sua teoria urbanistica e ambientalista em uma época onde o mundo ainda estava na era do vapor e da queima de carvão. Howard notou já naquele tempo, que o processo de industrialização criava graves problemas ambientais e que agregado a isso o crescimento desfreado das cidades provocavapobreza, falta de moradia, de coleta de lixo, de rede de água e esgoto, ruas estreitas que impediam a circulação de ar e do sol, moradias amontoadas, poluição e falta de espaços para lazer, assim como umadegradação do ambiente urbano e dos recursos naturais. E que por conseqüência provocava a queda na qualidade de vida dos cidadãos.
Howard ao contrário de vários outros teóricos decidiu empreender e colocar sua ideia em prática e em parceria com outros sócios e invetidores chegou a construir duas Cidades Jardim: Letchworth em 1903 e Welwyn em 1920.
Plano piloto de Letchworth |
Plano piloto de Welwyn |
A ideia de Howard era criar uma cidade autônoma, igualitária, cooperativista e onde os cidadãos teriam o máximocontanto com a natureza, e entre eles mesmos. Porém poucos na época entenderam realmente o conceito de cidade jardim criado por Howard, mas de qualquer maneira sua ideia se espalhou rapidamente e influenciou Walter Burley Griffin idealizador do projeto da capital australiana Canberra e Attilio Corrêa Lima no projeto de Goiânia. O conceito foi ainda empregado na criação de vários bairros na cidade de São Paulo pela Companhia City, inclusive o bairro que atualmente se chama Cidade Jardim.
Diagrama de Howard dos três ímãs (Campo-Cidade- Meio termo Campo-cidade) |
Com o tempo o conceito cidade jardim simplesmente foi reduzido a um bairro suburbano com áreas verdes e afastado do centro da cidade, o mercado imobiliário foi um dos grandes responsáveis por essa distorção, e com o passar do tempo e até os dias atuais o conceito de cidade jardim é utilizado por construtoras e urbanizadoras para lançamentos de condominios fechados de alto padrão afastados do centro com arborização e áreas verdes que justificariam o nome Jardim.
Welwyn |
Letchworth |
As grandes cidades brasileiras hoje vivem uma realidade muito semelhante das grandes cidades européias que inspiraram Howard na época, cidades com problemas de poluíção, transporte, falta de áreas verdes e de lazer e cercadas de um colossal problema social como favelas e moradias irregulares, e tal como foi naquela época o conceito de cidade jardim hoje baseia um pensamento comum das elites e emergente classe média brasileira de se proteger da grande cidade e sesegregar voluntariamente e espacialmente da realidade que o cerca indo morar nos condomínios fechados, como se fosse uma "realidade paralela", uma vez que desde o estilo das casas como a do cotidiado nos moradores em muito lembram a relidade das classes médias de países desenvolvidos.
Disparidade entre o condomínio Lagoa Azul e os seus vizinhos (Ananindeua-Pará) |
Referências:
FONTE: BLOG VERDADES URBANAS
Capitais projetadas do Brasil
Capitais projetadas do Brasil
Existe uma diferença muito importante de cidades projetadas e cidades planejadas, enquanto que a primeira também chamada de “cidade artificial” é caracteristicamente pensada do zero para algum fim específico, como para ser uma cidade administrativa no caso das capitais, enquanto que a segunda refere-se a “cidades espontâneas” que nasceram esporadicamente e sem planejamento ou destinação inicial, e com o passar do tempo cresceram, adquirindo característica específica e em alguns casos, a partir de algum dado momento de sua história passaram a planejar seu crescimento. De maneira geral a grande diferença entre as cidades artificiais e espontâneas é que enquanto as espontâneas cresceram desordenadamente, as artificiais surgiram como uma forma de tentar corrigir os problemas encontrados nas cidades espontâneas.
Durante quase dois séculos os governos goianos ambicionavam a mudança da capital de Goiás da antiga Cidade de Goiás, até que em 1935 era inauguradaGoiânia, graças aos trabalhos do interventor de Goiás Pedro Ludovico e projetada pelo urbanista Atíllio Corrêa Lima. O plano piloto de Goiânia foi fortemente influenciado pelo modelo de cidade jardim proposto por Ebenezer Howard, onde foram planejados grandes parques e áreas verdes, o que lhe conferiu o maior percentual de áreas verdes por habitantes do Brasil, a cidade também detém uma das melhores IDH do país e um grande patrimônio arquitetônico do estilo Art Déco.
As capitais projetadas surgiram como uma forma de tentar corrigir os problemas das antigas capitais espontâneas, mas também para servir a propósitos políticos variados e cumprir projetos econômicos do grande capital, e das elites regionais. Estas cidades também chamadas de “artificiais” principalmente as duas últimas citadas (Brasília e Palmas), levantam também muitas criticas por que foram projetadas pensando no carro particular e geraram uma“falta de identidade cultural”. No caso de Brasília muitos alegam que ela saiu do seu plano piloto, mas temos que entender as cidades como organismos vivos, compostas de seres humanos e economias dinâmicas que crescem e se desenvolvem continuamente e de maneira muitas vezes imprevisível. De modo geral as capitais planejadas serviram e continuam servindo a seu propósito original, servindo não somente como sedes administrativas, mas também como centros econômicos, industriais, comerciais, turísticos e culturais de suas regiões.
A indícios de que as primeiras cidades projetadas surgiram no Vale do Rio Indu, berço da civilização indiana, onde surgiu também uma das primeiras civilizações urbanas há aproximadamente 4.600 anos atrás. Séculos depois os romanos desenvolveram um padrão de planejamento urbano que consistia de uma praça central rodeada de todos os principais prédios públicos e comerciais, cortada por um rio, para que a cidade tivesse água para beber e despejar esgoto, assim como uma muralha para defendê-la.
Salvador, 1549
Plano piloto original de Salvador - 1549 |
No Brasil pode ser considerada como a primeira capital projetada do país a cidade de Salvador, projetada e pensada e executada pelo mestre de ObrasLuis Dias, desde o inicio foi projetada para ser a primeira capital do Brasil e do recém criado governo geral do Brasil em 1549, já pensada com uma função administrativa e militar para ser o braço colonial do Império Português no novo mundo e posto que manteria pelos 200 anos seguintes.
Teresina, 1852
Teresina |
Séculos depois já no período imperial Teresina seria a segunda capital brasileira projetada para ser capital, em1852. Teresina foi projetada por José Antônio Saraiva e João Isidoro França, e recebeu esse nome por conta daimperatriz Teresa Cristina que inverteu junto ao imperador D. Pedro II para que houvesse a mudança da capital da província de Oeiras para Teresina.
Aracajú, 1855
Aracajú |
Logo após Teresina, em 1855, Sergipe mudou sua capital de São Cristóvão para Aracajú que foi projetada e construída para ser a nova capital da província, e Aracajú foi projetada em forma de um tabuleiro de xadrez pelo engenheiro Sebastião José Basílio Pirro, que mesmo encontrando enormes dificuldades graças ao solo pantanoso conseguiu erguer a cidade que prosperou rapidamente e contribuindo graças a sua localização para escoar a produção agrícola de Sergipe.
Belo Horizonte, 1897
Plano piloto de Belo Horizonte - 1894 |
Em 1897 Ouro Preto deixava de ser capital de Minas Gerais e Belo Horizonte foi inaugurada para ser a nova capital do Estado, a primeira da recém fundada república, projetada por Aarão Reis recebeu fortes influencias deGeorges Eugéne Haussmann, o controverso prefeito de Paris nomeado por Napoleão III para “re-urbanizar a cidade luz”, que também ficou conhecido como “O artista demolidor”, o que deu a Belo Horizonte características modernas para a época como: Condições de higiene e circulação humana, grandes boulevards circulantes epreocupação de dividir a cidade em zona urbana central, zona suburbana e zona rural.
Goiânia, 1935
Plano piloto de Goiânia 1932 |
Goiânia |
Brasília, 1960
Plano piloto de Brasilia elaborado por Lúcio Costa |
Desde o período colonial já se tinha planos para interiorizar a capital do Brasil, o 1º ministro português Marques de Pombal foi o primeiro a sugerir a construção da “Nova Lisboa” no planalto central em 1761, após a independência o 1º ministro do império José Bonifácio foi o primeiro a nomear a futura capital de Brasília em 1823, a idéia nunca foi institucionalizada até a primeira constituição republicana em 1891, que determinada a demarcação de uma área no planalto central, para a construção da futura capital, e foi lançada uma expedição chamada missão Cruls em 1893 que estudou a topografia, a fauna e a flora do atual Distrito Federal e nomearam a futura capital de Vera Cruz.
Proposta de Plano Piloto para a futura capital Vera Cruz |
Proposta para futura capital |
Depois de séculos de idealizações e décadas de estudos e especulações o então candidato a presidência, Juscelino Kubistchek após ser indagado por um eleitor, no interior de Goiás, se iria respeitar a constituição e interiorizar a capital federal, decide tornar Brasília a meta síntese do seu audacioso e até hoje controverso Plano de Metas. Após um concurso para escolha do projeto, o plano piloto do arquiteto e urbanista Lúcio Costa é aprovado, com fortes influências de Le Corbusier e inspirado na carta de Atenas, tendo Oscar Niemeyer sido encarregado do projeto dos prédios públicos deram inicio a maior epopéia brasileira de todos os tempos. Lucio Costa criou um plano piloto que faz referência a Cruz e que popularmente lembra um avião.
“Tenho a impressão de que estou desembarcando em um planeta diferente, não na Terra”
(Cosmonauta Yuri Gagarin ao visitar Brasília em 1961)
Juscelino e Lúcio Costa |
Palmas, 1990
Plano piloto de Palmas |
A mais nova capital do Brasil e a última projetada no século XX, é o resultado da criação do Estado do Tocantins, fruto de mais de dois séculos de lutas do norte de Goiás em querer se separar do sul. Palmas foi projetada inteiramente do Zero no centro do Tocantins pelos arquitetos Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira Filho, a cidade também teve forte inspiração em Le Corbusier e foi construída de modo muito semelhante a Brasília. Hoje com pouco mais de 20 anos de inauguração, a capital tocantinense detém osegundo melhor IDH do Norte, segunda capital mais segura do Brasil, 70% das quadras estão habitadas pavimentadas, 98% da população já conta com acesso a saneamento básico e água tratada e conta com um índice de crescimento econômico de 8,5% ano, superando a média do estado e o dobro da média nacional. Palmas é uma capital monumental, com “construções faraônicas”, marcada por uma arquitetura pós-moderna de uma cidade que almeja ser metrópole um dia.
Traçado urbano de Palmas - Praça dos girassóis |
Monumento a Júlio Prestes - Palmas |
Fonte: Verdades Urbanas
Aquecimento
Apesar de incertezas, dados sobre aquecimento estão cada vez mais fortes
Paulo Artaxo, físico da USP e membro do IPCC, o painel do clima da ONU, mostra o rascunho de um dos capítulos do próximo relatório do grupo, a ser lançado no ano que vem. O gráfico, uma estimativa da influência das nuvens e dos aerossóis (partículas em suspensão no ar) sobre o clima da Terra, pode parecer decepcionante para quem quer respostas prontas da ciência. Do último relatório do IPCC (de 2007) para cá, a incerteza sobre esse fator aumentou, em vez de cair.
Paradoxalmente, diz ele, isso se deu porque a ciência do clima melhorou, incorporando cada vez mais a complexidade da natureza em seus modelos computacionais, usados para prever como será a Terra do futuro.
O resultado desses avanços não deve fazer os céticos sobre o aquecimento global cantarem vitória. Incertezas à parte, é muito difícil abalar a alta probabilidade de que, ao longo deste século, o planeta vai esquentar mais alguns graus Celsius (algo entre 2º C e 5º C).
"Eu não acredito que isso seja um cenário de fim de mundo, mas as consequências sociais e econômicas vão ser sérias", sentencia Artaxo.
Ele e outros pesquisadores de destaque da área, ouvidos pela Folha, são unânimes em dar de ombros diante do recente mea culpa do britânico James Lovelock.
GAIA E CIÊNCIA
Criador da célebre hipótese Gaia (que enxerga a Terra como um gigantesco ser vivo), ele causou barulho ao dizer, anos atrás, que o aquecimento global mataria bilhões de pessoas até 2100, confinando os poucos sobreviventes no Ártico.
No mês passado, ele se retratou, dizendo estranhar porque o planeta ainda não esquentou mais.
"Eu não sei se ele esperava um aquecimento maior, mas posso dizer que o aquecimento que de fato ocorreu [cerca de 1ºC] está perfeitamente de acordo com as previsões do IPCC", diz Artaxo.
"E note que em nenhum momento ele nega que o aquecimento esteja ocorrendo ou seja causado pela ação humana", completa Tercio Abrizzi, meteorologista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.
A temperatura global, neste começo de século 21, parece mais ou menos estacionada no nível mais quente alcançado no fim do século 20.
"É preciso lembrar, primeiro, que esses degraus são previstos nos modelos climáticos", diz Abrizzi. "E há excelentes trabalhos recentes mostrando que as camadas superficiais do oceano estão ficando mais quentes." É como se eles, temporariamente, funcionassem como um "amortecedor" do clima.
Outro possível amortecedor são os aerossóis, como as partículas de enxofre liberadas pela poluição industrial. Amargo paradoxo: tornar o ar das cidades mais respirável pode engatar a quinta marcha do aquecimento.
"Há inúmeros tipos de aerossóis e nuvens, que podem se comportar de um jeito no nível do mar, de outro a 1.000 m de altitude e de outro na estratosfera", diz Artaxo.
É por causa dessa complexidade que a incerteza dos modelos cresce. Mas, como a proverbial faca, ela corta dos dois lados: pode muito bem revelar um risco ainda maior da mudança climática.
Fonte: Folha de S. Paulo.
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