Expansão urbana global ameaça 205 espécies de animais, diz estudo
Até 2030, novas cidades do planeta ocuparão 1,2 milhão de km² de área.
Mata Atlântica, Cerrado e outros biomas do mundo podem ser degradados.
Um novo estudo realizado por pesquisadores norte-americanos afirma que
até 2030, 1,2 milhão de km² do planeta deixarão de ser áreas inabitadas
ou preservadas para dar lugar a grandes cidades – uma área equivalente
ao dobro do tamanho do estado da Bahia.
A pesquisa afirma ainda que ao menos 15% da Mata Atlântica e 2,5% do
Cerrado, ambos biomas do Brasil, estariam ameaçados por novos
aglomerados urbanos e estima que 205 espécies de anfíbios, mamíferos e
aves (sendo 134 apenas do continente americano) devem ser impactadas por
novos projetos de desenvolvimento, que destruiriam seus habitats.
Os números fazem parte de uma investigação científica realizada por
estudiosos das universidades de Yale, Texas A&M e Boston, todas dos
Estados Unidos, publicada nesta segunda-feira (17) na revista da
academia americana de ciências, a “PNAS”. O estudo utilizou dados de
diversas instituições, entre elas a a Organização das Nações Unidas
(ONU) e o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).
A partir da análise, os especialistas afirmam que é preciso desenvolver
projetos sustentáveis para os próximos 28 anos, o que evitaria um
grande impacto ao meio ambiente e às futuras gerações humanas.
Área
de cerrado queimada na Floresta Nacional de Brasília. Bioma pode perder
2,5% de seu território devido ao crescimento da área urbana no país.
(Foto: Káthia Mello/G1)
Investimento pesado para novas cidades
Serão gastos ao menos US$ 25 trilhões (cerca de R$ 50 trilhões) em infraestrutura em todos os países, sendo que somente a China investirá US$ 100 bilhões por ano. Entretanto, o estudo prevê que 48 dos 221 países deverão ter crescimento insignificante nos próximos anos.
Aliás, a Ásia será responsável por metade desses investimentos. Somente
China e Índia vão consumir 55% do montante total aplicado na região. Os
dois países já elaboraram planos de expansão ousados, que destruirão
vilas e aldeias para transformá-las em grandes metrópoles. Na Índia, por
exemplo, regiões próximas ao Himalaia deverão se tornar, no futuro, em
áreas com grande densidade populacional.
Na África, segundo os pesquisadores, a taxa de desenvolvimento deverá
ser 590% maior se comparada à velocidade do ano 2000. Essa expansão
urbana se concentrará na Guiné, no Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi,
Nigéria e Etiópia.
Na América do Norte, onde 78% da população já vive em áreas urbanas, a
ocupação do solo deverá dobrar de tamanho em 2030. Porém, apesar do
crescimento, os cientistas alertam para impactos significativos sobre a
biodiversidade no mundo.
De acordo com Burak Guneralp, um dos autores do estudo, é preciso
repensar as políticas de conservação, “o que significaria ter mais
cidades sustentáveis”. “Não é tudo pegada de carbono, como pensam os
prefeitos atualmente, mas precisamos considerar como a expansão urbana
implicará nas espécies não humanas e no valor dessas espécies para as
gerações presentes e futuras”, explica.
Imagem
da cidade de Londres iluminada pelas luzes noturnas. Planeta deve
ganhar novas cidades até 2030, que ocuparão área equivalente ao dobro do
tamanho do estado da Bahia -- 1,2 milhão de km². (Foto: Jesse Allen e
Robert Simmon/Nasa Earth Observatory)
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário