segunda-feira, julho 30, 2012

Seca nos EUA entre 2000 e 2004 foi a pior em 800 anos, afirma estudo


Cientistas dizem que estiagens graves ocorrerão mais vezes neste século.

Investigação foi publicada nesta fim de semana na revista 'Nature'.


A seca extrema que atingiu o Oeste da América do Norte entre 2000 e 2004 foi considerada por pesquisadores como a pior dos últimos 800 anos, deixando à beira da morte florestas e empobrecendo bacias hidrográficas.
Os últimos eventos graves registrados teriam ocorrido entre 977 e 981, além de 1146 e 1151, ambos períodos da Idade Média (os EUA só foram oficialmente descobertos em 1492).
Entretanto, os cientistas alertam que este padrão deve ser o “novo normal” para o século 21. O estudo foi publicado neste domingo (29) na revista “Nature Geoscience”.
Segundo a investigação, feita por um grupo de dez especialistas, eventos extremos do clima têm aumentado como resultado da elevação da temperatura global.
A seca em questão pode ser até considerada como "bons tempos", já que modelos climáticos e projeções de chuvas indicam que o que aconteceu nesse período é o mais próximo do clima que predominará o país a partir da segunda metade do século 21.

Vaca caminha em pasto seco em Jasper, no estado de Indiana, sob uma temperatura de 38ºC. Seca extrema deve ser constante nos próximos anos, dizem cientistas. (Foto:  John Sommers II/Reuters)Vaca caminha entre pasto seco em Jasper, no estado de Indiana, sob uma temperatura de 38ºC. Seca extrema deve ser constante nos próximos anos, dizem cientistas. (Foto: John Sommers II/Reuters)

Além de seu impacto sobre plantações e nascentes, a seca do início da década passada reduziu em 51% o sequestro de carbono em uma área enorme que engloba parte dos Estados Unidos, Canadá e México. Com a vegetação seca, há maior liberação de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, o que implicaria na acentuação da mudança climática.
A pesquisa, liderada pela Universidade do Estado de Oregon, com apoio da agência espacial americana, a Nasa, não deixou claro se o atual período de estiagem, que afeta o Centro-Oeste, do país tem relação com os eventos ocorridos entre 2000 e 2004.

 Do Globo Natureza, em São Paulo

Plantas purificam lago artificial usado por moradores em cidade da França


Piscina 'verde' de Cublize é a maior da Europa com técnica renovável.
Planta da família das canas é responsável por processo biológico de limpeza.


Moradores de Cublize, na França aproveitam o calor do verão europeu para nadar em um lago artificial construído na cidade com uma técnica renovável para limpeza da água. (Foto: Philippe Desmazes/AFP)Moradores de Cublize, na França aproveitam o calor do verão europeu para nadar em um lago artificial construído na cidade com uma técnica renovável para limpeza da água. (Foto: Philippe Desmazes/AFP)
 
Próximo à piscina de água verde, foram plantadas 38 mil plantas que pertencem à família das canas, e ficam ativas no processo de limpeza. (Foto: Philippe Desmazes/AFP)Próximo à piscina de água verde, foram colocadas 38 mil plantas que pertencem à família das canas. Elas têm processo biológico ativado para limpar água de impurezas. (Foto: Philippe Desmazes/AFP)
 
O lago “verde” é o maior da Europa com um processo biológico de tratamento de resíduos, que substituem os produtos químicos. (Foto: Philippe Desmazes/AFP) 
O lago “verde” é o maior da Europa com um processo biológico de tratamento de resíduos, que substituem os produtos químicos. (Foto: Philippe Desmazes/AFP)
 
Do Globo Natureza, em São Paulo

 

Cingapura é um país-ilha, ou uma cidade-Estado, que atingiu fantástico sucesso econômico e social apesar de ocupar uma área de apenas 710 km2, cerca de 60% daquela ocupada pelo município do Rio de Janeiro. Tem a 3ª maior renda per capita do mundo e o 26º lugar no índice de desenvolvimento humano, logo atrás de Luxemburgo. Mas não importa quão bem essa ilha de 5 milhões de habitantes for gerida, sempre terá um calcanhar de Aquiles: lá falta água.
Cingapura está situada 1 grau ao norte do equador e tem clima tropical, portanto, abundante em chuvas, que amontam a 2.340 mm por ano. Porém, seu subsolo não armazena água suficiente para as necessidades da população, o que a torna ao mesmo tempo vulnerável a enchentes e a escassez de água potável.

A solução histórica foi importar água da Malásia, através de tubulações que formam aquedutos, ligando a ilha ao seu vizinho continental pelo Estreito de Johor. O acordo entre os dois governos garantia a Cingapura água barata, até que a Malásia começou a falar em aumentar o preço do abastecimento em até quinze vezes.

Como essa dependência sempre incomodou, os planejadores de Cingapura estão engajados há décadas em planos para reduzir a quantidade de água importada. Eles envolvem usinas de dessalinização, reutilização de água de esgoto e grandes reservatórios construídos para capturar a água da chuva. A Marina Barrage foi o 15º reservatório a ser inaugurado e o mais integrado à vida da população.

A Marina Barrage fica no centro da cidade-Estado e tem um espelho d’água com área de 10 mil hectares, o equivalente a um sexto do território de Cingapura. Aliás, a soma de todos os reservatórios do país equivale a dois terços de sua área total. A barragem de 350 metros que a delimita foi inaugurada em 2008. Desde então, a água salgada foi paulatinamente expulsa por água de chuva, até que em 2010 o reservatório foi declarado de água doce, capaz de suprir 10% da necessidade de água local.

Os Cingapurianos não pensaram pequeno, a Marina Barrage tem outras utilidades. Uma delas é ajudar a resolver o problema das enchentes. Quando cai uma chuva torrencial, a barragem deixa passar o excesso de água para o mar. Se a maré estiver cheia, ela conta com poderosas bombas que são capazes de também devolver ao mar a chuva que sobra e mantêm uniforme o nível do reservatório. Boa parte da eletricidade que as instalações consomem é gerada por uma usina de energia solar que fica ao lado.

Por fim, tornou-se também uma das áreas de lazer favoritas da população, que gosta de passear pela ponte que cobre a barragem e apreciar o lago, onde se prática vela, caiaque e outros esportes náuticos. O belo prédio central, onde ficam abrigadas as bombas d'água, é uma atração em si próprio. Ele tem um telhado verde – recoberto por grama – e oferece restaurantes e áreas de lazer.

Em 2061, expiram os acordos de suprimento de água potável com a Malásia.. Até lá, Cingapura quer ser autossuficiente. Espera que seu suprimento de água venha 40% da reutilização, 30% de dessalinização e 20% dos enormes reservatórios de água de chuva. Se conseguir, demonstrará mais uma vez, com essas formas de reciclagem, que um país pequeno e pobre em recursos naturais pode prover um dos melhores padrões de vida do mundo.
 
Eduardo Pegurier
((O)) Eco




sexta-feira, julho 27, 2012

MATANÇA DE BOTOS NA AMAZÔNIA


 
((O)) Eco 
Vandré Fonseca
 
Manaus, AM – Para driblar a rejeição do consumidor, a piracatinga (Callophysus macropterus) – peixe capturado usando botos mortos como isca – ganhou novos nomes no mercado da capital amazonense. A piracatinga é um peixe pouco nobre, também conhecido como urubu d'água por comer animais mortos. Agora, ela pode ser encontrada com os nomes de “douradinha” ou “piratinga” em feiras e supermercados da cidade, segundo informações da Associação Amigos do Peixe-boi-da-amazônia (Ampa).
Segundo a associação, o aumento da captura da piracatinga está associada aos casos cada vez mais comuns de matança de botos na região. A gordura do boto é um excelente atrativo para este peixe.

O monitoramento dos botos na região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Mamirauá, realizado há 17 anos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), indica que o número de botos cor-de-rosa, conhecidos também como botos-vermelhos (Inia geoffrensis) está diminuindo 10% por ano em diversas regiões da Amazônia.

Para denunciar a matança, a Ampa divulgou na internet o vídeo acima, mostrando botos capturados por pescadores. No vídeo, aparecem pescadores abatendo botos-rosas no Rio Purus e também a abordagem de um grupo de pescadores que capturava bichos nas proximidades de Manaus. Os botos são capturados com arpões e abatidos com golpes na cabeça. A carcaça é colocada em gaiolas de madeira, para atrair os bagres.

Embora não seja muito apreciado no Brasil, a piracatinga tem boa aceitação na Colômbia, para onde é enviado para venda, sem fiscalização, através do porto de Tabatinga, que fica a 1.108 km de Manaus. O peixe chega à Bogotá, capital do país, onde é transformado em filés, antes de ser vendido no mercado doméstico ou exportado para o Japão.

Boto cor-de-rosa, usado como isca, seus números caem 10% ao ano. Foto: Anselmo d'Affonseca/ Ampa

Boto cor-de-rosa. Foto: Anselmo d'Affonseca/Ampa




AQUECIMENTO GLOBAL



Um dos choques do degelo de julho foi ter atingido altitudes elevadas. Foto: Divulgação/greenland.com

Entre os dias 08 e 12 de julho, a Groenlândia experimentou o mais agudo degelo já detectado nos 33 anos em que existem registros de satélite. Da sua superfície total, 97% mostrou sinais de degelo, incluindo áreas de 2 mil metros de altitude. O fenômeno foi notícia na mídia mundial e assusta por sugerir que as mudanças climáticas podem estar se acelerando.
Para explicar os detalhes desse recorde e sua relação com o aquecimento global, ((o))eco ouviu Thomas Mote, membro da equipe da NASA que está avaliando o derretimento de gelo histórico.

Mote é professor e chefe do departamento de Geografia da Universidade de Geórgia, nos EUA. Há 20 anos está envolvido com pesquisa da criosfera, através de sensoriamento remoto. Atualmente trabalha para a NASA, onde documenta a extensão do derretimento da superfície de gelo da Groelândia com registro de imagens de satélites. Também estuda as medições de diferentes satélites sobre o degelo de superfície.

Foto: Divulgação
((o))eco - A quantidade de gelo derretida foi histórica ou o que causou espanto foi a rapidez do derretimento?

Thomas Mote – Normalmente, nós vemos a área de degelo aumentar ou contrair rapidamente, de acordo com os deslocamentos das massas de ar, frias ou quentes, sobre o manto de gelo. O que aconteceu dessa vez foi que a extensão do derretimento foi notável, principalmente nas altitudes elevadas. Esta é a primeira vez, em 33 anos de dados de satélites, que nós testemunhamos um derretimento por quase todo o gelo da Groelândia.

((o))eco - Quais seriam os principais motivos para um derretimento tão rápido, observado em 4 dias, e numa quantidade tão grande?
"Esta é a primeira vez, em 33 anos de dados de satélites, que nós testemunhamos um derretimento por quase todo o gelo da Groelândia"

TM – A Groelândia esteve excepcionalmente quente desde maio deste ano e observamos uma mudança significativa nos padrões climáticos, associada à Oscilação do Atlântico Norte (NAO, do inglês North Atlantic Oscillation). Quando esta oscilação está em sua fase negativa, a Groelândia é dominada por ar quente e alta pressão.
Nós detectamos uma Oscilação do Atlântico Norte bastante negativa desde maio até a semana passada. Essas condições de temperaturas mais elevadas permitiram a expansão do derretimento desde as áreas mais baixas até as altitudes elevadas, fundindo a neve nesses locais.

No meio de julho, principalmente, observamos uma massa de ar bastante quente deslocando-se sobre o manto de gelo, a qual causou esse evento de degelo sobre quase toda a Groelândia. Nesta semana, essa massa de ar foi para o leste. Agora o derretimento da Groelândia está perto do normal e o calor passou a invadir as ilhas britânicas, bem na época das Olimpíadas. Entretanto, os padrões climáticos podem voltar a se alterar na semana que vem.

((o))eco - O derretimento está relacionado às mudanças do clima ou pode ser considerado um episódio isolado?

TM – A resposta simples seria “ambos os casos”. Observamos um episódio isolado, causado por um padrão climático incomum, que foi somado às mudanças climáticas que estão acontecendo. O resultado foi o degelo fora do comum. O curto período, 4 dias de derretimento, sobre todo o manto de gelo foi causado pelo evento de tempo extremo causado pela Oscilação do Atlântico Norte negativa.

Entretanto, o clima cada vez mais quente na Groelândia, e sobre todo o Ártico, nas últimas 3 décadas, resulta em períodos mais longos de derretimento e degelo completo nas regiões mais baixas. Durante esse período de 30 anos, o derretimento vem atingindo regiões cada vez mais elevadas. O resultado é um enorme runoff (escoamento) de água derretida próxima às margens do manto de gelo, neste verão do hemisfério norte.

((o))eco - Qual foi a temperatura média desses 4 dias na Groelândia? São temperaturas do ar anormais para o verão da região?

TM – Nas altitudes mais elevadas da Groelândia, no topo do manto de gelo -- a cerca de 3.200 metros -- as temperaturas atingiram 0° Celsius, o que é altíssimo para uma região normalmente bem mais gelada. Em regiões sem gelo, neste verão, próximo à costa, os recordes de temperaturas chegaram a exceder os 25° Celsius. No dia 10 de julho, pouco antes do ápice do derretimento, por exemplo, a temperatura estava marcando 23,9°Celsius, próximo ao manto de gelo da região da Kangerlussuaq, onde o normal é chegar a 7°Celsius. 

((O)) Eco 
Flávia Moraes
 

segunda-feira, julho 23, 2012

Estudo do Inpa revela causas da morte de árvores na Amazônia


Pesquisa durou um ano e analisou causas das mortes de 67 árvores.

Fatores biológicos, estresse e tempestade são os principais fatores.


Bacia amazônica, área de atuação do projeto (Foto: Divulgação/UEA)Estudo do Inpa analisou morte de árvores da Floresta Amazônia (Foto: Divulgação/UEA)
Tempestade, fatores biológicos e estresse. Esses foram os principais fatores da morte de árvores durante um estudo de mestrado realizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) pela estudante Clarissa Gouveia pelo período de um ano.
Orientado pelo pesquisador do órgão, Niro Higuchi, o estudo foi feito em dois espaços com uma área de 20 x 2500 m cada, totalizando 5.808 árvores, sendo catalogadas 67 mortes.
Segundo o estudo, período chuvoso é o nível de mortalidade das árvores costuma ficar maior, principalmente, devido à quantidade de tempestades e raios típicos da época. “Na região atingida pelo raio, geralmente encontra-se mais de um individuo morto, representados por mais de uma espécie, além de provocar a morte parcial ou total da regeneração natural do lugar”, esclarece a mestranda.
Árvore na área de preservação da Ufam Manaus (Foto: Adneison Severiano G1/AM)Árvores morrem mais na Amazônia durante o período de chuvas na região (Foto: Adneison Severiano G1/AM)
A maioria das árvores na Floresta Amazônica possuem copas assimétricas e as tempestades são capazes de aumentar o peso da copa, provocando a queda das árvores para o seu lado mais pesado. Existem, ainda, registros de tempestades de vento que podem matar milhares de árvores em apenas poucos dias, são os chamados downburst ou roça de ventos.
Já as mortes classificadas como fatores biológicos e de estresses são relacionadas a competição e supressão entre espécies, déficit hídrico, alagamentos, e ataques patógenos. “No momento que a árvore morre, ela continua a influenciar os organismos ao seu redor, auxiliando no equilíbrio e desenvolvimento de outros organismos. E, também, cooperando na mudança de biomassa, no fornecimento de luz, nutrientes e na umidade da floresta”, explica Clarissa.
Amazônia rio com plantas (Foto: Ana Castro - produtora de reportagem (TV Globo))Tempestades com raios e fortes ventos são um dos principais fatores para a morte de árvores na Amazônia (Foto: Ana Castro - produtora de reportagem (TV Globo))
saiba mais
 
A mortalidade arbórea é um processo natural no ecossistema florestal, pois influencia na estrutura, dinâmica, estoque de carbono e reciclagem de nutrientes. Mas, quando a mortalidade é maior que a capacidade de resistência da floresta, as consequências em longo prazo podem ser preocupantes. “São observadas mudanças nas taxas de evapotranspiração, temperatura, umidade e na estrutura das espécies”, ressalta Fontes.
O pioneirismo da pesquisa foi uma contribuição essencial para a comunidade científica, auxiliando na criação de novas perspectivas. “O desejo é que o estudo seja conduzido por mais tempo e em novas áreas para que possamos verificar um possível padrão de comportamento”, almeja Fontes, ressaltando a concepção de um banco de dados maior para a determinação mais exata das variações no clima e a sua relação com a mortalidade arbórea durante determinado período.
Ministério do Meio Ambiente vai reforçar fiscalização na área de fronteira agrícola entre os estados do Amazonas e Rondônia (Foto: Divulgação/Ibama)Infestação de insetos e fungos são outras causas de morte das árvores na Amazônia (Foto: Divulgação/Ibama)
Além das mudanças do tempo, pode-se destacar como influenciadores da mortalidade das árvores as infestações das mesmas por lianas, insetos e fungos. Durante o período da pesquisa, uma espécie foi morta pela hemi-epífita estranguladora Apuí e três outras por fungos patogênicos: duas por Ganoderma sp e uma por Auricularia delicata Fries.
“Esse tipo de estudo pode melhorar o entendimento das vulnerabilidades de nossas árvores diante de eventos catastróficos que vem ocorrendo na Amazônia, principalmente aquelas relacionadas com secas e tempestades”, concluiu a estudante.
Amazônia (Foto: Ana Castro - produtora de reportagem (TV Globo))Mortalidade arbórea é um processo natural do ecossistema da Floresta (Foto: Ana Castro - produtora de reportagem (TV Globo))
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Fonte: Do G1 AM

 

JAPÃO

Após uma semana de discussões em plenária, a Comissão Internacional Baleeira (CIB) encerrou na sexta-feira (6 de julho) mais uma reunião anual, a 64a. da história da instituição, criada em 1946 para regulamentar a caça da baleia  no mundo todo. Ainda não foi desta vez que o Brasil e os países latino-americanos conseguiram transformar o Atlântico Sul em um Santuário, mas pelo menos evitaram que o Japão conseguisse uma exceção à moratória. O protagonismo do Brasil no encontro foi prejudicado pela falta de técnicos na delegação brasileira e também ofuscado por uma acusação de matança de botos na Amazônia.

Os japoneses queriam liberar uma cota de caça a baleias-minke, que voltaria a poder ser caçadas comercialmente ao longo da costa do país. Antes de ser votada, a proposta foi retirada de discussão pelo país. A caça comercial de baleias é proibida pela CIB desde 1985, quando foi instituída uma moratória. Inicialmente prevista para durar cinco anos, a proibição foi renovada por mais cinco e depois mantida por tempo indeterminado.

Mas a caça é permitida em situações especiais, como para pesquisas científicas ou quando faz parte da tradição de populações aborígenes, como os esquimós. O Japão continua a abater centenas de baleias por ano, alegando que são usadas em pesquisas. Para isso não precisa de autorização da CIB. O país necessita apenas apresentar um plano de trabalho seis meses antes da reunião. Já a caça aborígene precisa ser aprovada pela comissão, que decide também quantos animais e de quais espécies podem ser abatidos. No entanto, a caça aborígene é uma está na ordem de grandeza de dezenas de baleias, uma fração do que o Japão ainda caça.

A Dinamarca, por exemplo, pretendia uma cota de baleias para a Groenlândia. Mas a proposta não obteva os ¾ (75%) de apoio para aprovação e foi rejeitada (25 votos a favor, 34 contra e 3 abstenções), graças ao votos de países como o Brasil, que faz parte do grupo de Buenos Aires, formado por países latino-americanos e que têm uma atuação contrária à caça.
Apesar da posição conservacionista, o Brasil também teve de dar satisfação sobre a morte de cetáceos, que ocorre dentro das fronteiras do país. Durante as acirradas discussões na Plenária, o país foi questionado sobre a matança de botos, usados como isca na pesca da piracatinga, na Amazônia. “O boto apareceu como o telhado de vidro do Brasil, na questão do santuário”, avalia o diretor de Pesquisa do Instituto Baleia Jubarte, o veterinário Milton Marcondes.

Marcondes participou das discussões do comitê científico da CIB, onde o assunto havia sido abordado, antes de aparecer na Plenária. O comitê, que tinha até elogiado as informações apresentadas pelo Brasil, havia sugerido a realização de um workshop internacional para discutir o problema e apresentar prioridades para combater a morte dos botos.
Infelizmente, a posição brasileira ficou ainda mais fragilizada pela ausência de um chefe de delegação, que obrigatoriamente deveria ser representante do governo, durante a reunião do comitê científico.

Japão, o maior caçador

O Japão, atualmente, é o principal defensor da caça de baleias, praticada sob o rótulo de “científica”. A caça dita científica é permitida pela comunidade internacional, mas para organizações não-governamentais e ambientalistas, trata-se apenas de uma fachada para o país continuar a caçar os animais.

Para Milton Marcondes, o Japão não é movido por interesses econômicos, já que a matança dos grandes cetáceos não é uma atividade importante na geração de riquezas do país. Mesmo assim, Japão, Rússia e Noruega, também países caçadores, conseguiram construir uma coalização de países que votam na CIB a favor da matança. Nesse estranho grupo está até mesmo a Mongólia, que vota na Comissão apesar de ser um país que sequer tem acesso ao mar.

Marcondes aponta duas razões para os japoneses continuarem a caça: a relação entre políticos e empresários que recebem subsídios governamentais para a atividade; e o temor de que a proibição seja estendida a outras espécies, como o atum. “Para o Japão, a proibição da caça às baleias poderia ser o precedente perigoso”, avalia. “O país considera que vale a pena gastar dinheiro para manter a influência nas discussões internacionais sobre os recursos do mar”, completa.
 
 ((O)) Eco
Vandré Fonseca
Aterro de Gramacho, o grande lixão do Rio de Janeiro, só foi fechado em junho. Foto: Eduardo Pegurier
 

O prazo para a entrega do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos expira no dia 2 de agosto. Porém, segundo estimativa da Confederação Nacional dos Municípios, mais da metade dos municípios brasileiros ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos. Sem ele, os municípios não podem pedir recursos da União para cuidar dos lixões e limpeza urbana.
A Lei 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), demorou 19 anos para ser votada no Congresso. O desafio de acabar com os lixões, implementar planos de logística reversa e responsabilidade compartilhada entre cada integrante da cadeia produtiva (empresas, governo e consumidores) não justifica quase duas décadas para a matéria virar instrumento jurídico, mas a implementação da lei, tendo como primeiro teste a apresentação dos planos das prefeituras periga transforma-la em letra morta.

“O pessoal tinha outras demandas e foi deixando de lado. Agora o prazo está se esgotando e a maioria não elaborou [o projeto] (...) De acordo com a legislação, até 2014 devem ser eliminados todos os lixões do Brasil. Para isso, será preciso implantar aterros sanitários, o que não se faz da noite para o dia. As cidades e estados que não tiverem plano de gestão não vão poder solicitar recursos para fazer isso”, afirmou Saburo Takahashi, gerente de projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, em entrevista à Agência Brasil.

Enquanto o representante do ministério do Meio Ambiente afirma que não haverá recursos da União caso as prefeituras não cumpram o prazo estipulado, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziluldoski, reclama justamente da falta de auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações. Segundo ele, serão necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões em aterro sanitário até 2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta de todos os municípios do país. Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão sujeitos a serem processados pelo Ministério Público por não terem cumprido a lei”, disse.

João Gianesi Netto, vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), avalia que faltou capacitação e conscientização. “Alguns [Não criaram o plano] por ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em muitos municípios de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é gerenciada por pessoas que não têm a formação adequada”. afirma.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – 2008, 50,8% dos municípios brasileiros ainda recorrem a vazadouros a céu aberto, conhecidos como lixões, como destino principal de seus lixos. A dificuldade de tornar a Lei de Resíduos Sólidos uma política pública eficiente vai da liberação do orçamento a vontade política dos gestores públicos de solucionar o problema.

Só para se ter uma ideia, resíduos sólidos domiciliares e/ou coletados nas ruas, em 2008, foram da ordem de 183.488 toneladas por dia, segundo o IBGE.

Acabar com os lixões “é uma impossibilidade prática se levarmos em conta a realidade nacional”, opina Oscar Graça Couto, o diretor jurídico do Instituto Brasil-PNUMA, em entrevista a repórter Fabíola Ortiz no ano passado. Eis um tema quente para as eleições municipais de 2012.

Com Informações da Agência Brasil.
((O)) Eco
Daniele Bragança

Morador de Nova York cria galeria com objetos encontrados no lixo

Coleção é formada por mais de mil objetos encontrados nas ruas da cidade.

Molina começou a juntar fotos e outras quinquilharias há mais de 20 anos.


Nelson Molina posa para foto no galpão em que gurda os objetos coletados nas ruas de Nova York nos últimos 20 anos (Foto: Librado Romero/The New York Times) 
Nelson Molina posa para foto no galpão em que guarda os objetos coletados nas ruas de Nova York nos últimos 20 anos. (Foto: Librado Romero/The New York Times)
Hoje a coleção tem a colaboração de amigos e conhecidos de Molina. (Foto: Librado Romero/The New York Times) 
Hoje a coleção tem a colaboração de amigos e conhecidos de Molina. (Foto: Librado Romero/The New York Times)
Entre os objetos encontrados estão réplicas de quadros (Foto: Librado Romero/The New York Times) 
Entre os objetos encontrados estão réplicas de quadros (Foto: Librado Romero/The New York Times)

sexta-feira, julho 20, 2012

BIOMA



Campos Sulinos 
 foto:
Estados: Parte do Rio Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.
Área: 1.700.000 hectares
Tipos: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Estepe (Campos gerais planálticos e da campanha gaúcha), Savana Estépica, Áreas de Formações Pioneiras, Sistema de transição (Áreas de Tens
Unidades: São 34 Unidades de Conservação federais e estaduais, abrangendo uma área de 531.009,75 hectares, sendo Parques Nacionais, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, Refúgios de Vida Silvestre, Áreas de Proteção Ambiental e Florestas Nacionais. Mais 64 unidades de conservação municipais e 24 Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
Mapa
Os campos sulinos, são também conhecidos por pampas, é uma palavra de origem indígena que quer dizer Região Plana. A paisagem é homogênea e plana, assemelhando-se, a um imenso tapete verde e o relevo é suavemente ondulado. Predominam planícies, mas podem ser encontradas algumas colinas, na região conhecidas como "coxilhas".

O clima é frio e úmido com altas temperaturas no verão, chegando a 35ºC, e o inverno é com geadas e neve em algumas regiões, marcando temperaturas abaixo de 0ºC. As chuvas concentram-se nos meses de inverno, com precipitação anual situa-se em torno de 1.200 mm.

É um dos ecossistemas mais ricos em relação à biodiversidade de espécies animais, contando com indivíduos endêmicos, raros, ameaçados de extinção, espécies migratórias, cinegéticas e de interesse econômico.

Suas formações abrigam pelo menos 102 espécies de mamíferos (cinco delas endêmicas), 476 espécies de aves (duas endêmicas) e 50 espécies de peixes (doze endêmicas). De todas as espécies 261 foram classificadas como ameaçadas de extinção.

Este bioma tem sido profundamente modificado pelas atividades humanas (pastoreio excessivo, queimadas, invasão de espécies exóticas e ampliação de áreas para a agricultura), restando muitas vezes apenas pequenos remanescentes em uma paisagem predominantemente agrícola. Vem enfrentando a expansão da soja.

galeria

Pesquisa aponta razões para morte das árvores

Fatores orgânicos, tempestades e estresse estão entre as causas mais comuns, diz estudo do Inpa




Um estudo realizado por Clarissa Gouveia Fontes, no Programa de Pós Graduação de Ciências Florestais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), concluiu que as causas mais comuns de mortalidade das árvores são as tempestades, o estresse e fatores biológicos. Os fungos, lianas e insetos também podem levar as árvores à morte. O estudo, que foi orientado pelo pesquisador Niro Higushi, analisou 5.808 árvores no período de um ano e catalogou 67 mortes.
As descobertas servirão para desvendar várias hipóteses existentes. A tempestade, por exemplo, é um causador de mortalidade porque a copa das árvores amazônicas é assimétrica e, quando chove, elas ficam pesadas, levando a árvore a tombar para o lado mais pesado. Consequentemente acaba por derrubar outras árvores em conjunto. Os ventos das tempestades, também chamados de downburst, matam milhares de árvores em poucos dias, tamanha a intensidade e velocidade. É por isso que em um período chuvoso a mortalidade arbórea é maior.
Os classificados como competição e supressão entre espécies, déficit hídrico, alagamentos, e ataques patógenos são relacionados aos fatores biológicos e de estresse. As árvores, quando morrem, continuam influenciando os organismos ao seu redor, o que mantém o nível de biomassa no bioma e a umidade na floresta. É exatamente por isso que a mortalidade arbórea tem de ser classificada como um processo natural. O problema está quando a mortalidade é maior que a resistência da floresta, como acontece nos desmatamentos, por exemplo. Nesses casos, as mudanças de temperatura e de umidade da floresta se alteram.
O trabalho foi considerado uma grande contribuição para a comunidade científica. Graças a ele será possível verificar as causas e consequências da vulnerabilidade amazônica diante dos eventos catastróficos que vêm acontecendo. A ideia é continuar o estudo e expandi-lo para outras áreas.

Terra da Gente, com info Inpa
VIAEPTV

quinta-feira, julho 19, 2012

PERIGO EM RODAS


(Fotos: Divulgação/INB)

Transportar material radioativo com segurança requer um grande aparato de proteção para a população, para a carga, o meio ambiente e as estradas. É uma operação complexa e requer planejamento em detalhes. Nem sempre tudo dá certo. Doze contêineres com 178 toneladas de urânio concentrado viajaram por quase 700 quilômetros de estradas baianas e, por fim, tiveram de voltar pelo mesmo caminho.
No dia 12 de julho, as INB (Indústrias Nucleares do Brasil) carregaram a carga em Caetité, Bahia, onde existe uma mina de urânio. As carretas seguiram em direção ao Porto de Salvador para embarque no navio MV Sea Bird. O carregamento seguiria para Hamburgo e o destino final era a usina de Malvési, na França, de acordo com informações da assessoria de comunicação da dona da mina.

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No meio do caminho, foi descoberto que não havia sido cumprido um prazo para a autorização da carga. O Ministério da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável e da Energia da França proibiu o embarque, por não ter sido avisado com antecedência de 15 dias, como determina a legislação. Carretas e contêineres estavam na estrada e seguiram para o quartel da Polícia Militar em Feira de Santana. Como apenas no dia 20 de julho haveria autorização para a carga embarcar para a França, a INB decidiu dar meia volta e as carretas retornaram para a mina, em Caetité.
O transporte de carga radioativa no Brasil ocorre com alguma rotina. A mina em Caetité tem mais de dez anos de atividade. Atualmente extrai cerca de 400 toneladas por ano. Esse urânio é concentrado e segue para ser enriquecido em uma parceria que o país possui com a França. O material enriquecido retorna e segue para Resende, Rio de Janeiro, para depois ser utilizado pelas usinas de Angra 1 e 2 como combustível nuclear para geração de energia elétrica.
Por que desta vez a carga de urânio não foi embarcada para a França? A resposta da INB é que a empresa de transporte contratada, a RSB Logistic, não informou às autoridades francesas 15 dias antes do embarque em Salvador, conforme determina a lei francesa. A INB disse que a transportadora interpretou o prazo de forma diferente do texto legal. A direção das Indústrias Nucleares do Brasil também estuda se penalizará a transportadora. A RSB é uma gigante canadense do setor, com experiência em transporte de material radioativo desde 1985.
Além das 178 toneladas de urânio, está de volta a Caetité o clima de desconfiança com relação às Indústrias Nucleares do Brasil. Sindicato, comissão pastoral de meio ambiente e população têm um histórico de atritos a administração da mina, que hoje tem capacidade para extração de 400 toneladas ao ano. Há planos para duplicá-la.
Entre os alertas que já ocorrem em Caitité, em 2008 o Greenpeace denunciou a contaminação radioativa em amostras de água usada para consumo humano, coletadas em área de influência direta da mineração. Em 2011, a Plataforma Dhesca, que reúne estudiosos de violações dos direitos humanos e é mantida pela ONU, denunciou violação ao meio ambiente saudável e criticou o uso do carimbo “segurança nacional” para manter sob sigilo informações desta operação, de acordo com os pesquisadores que assinaram o relatório.
Em 2011, cerca de 2 mil moradores de Caetité saíram às ruas tarde da noite para impedir que carretas carregadas com 90 toneladas de material radioativo entrassem nas instalações das Indústrias Nucleares do Brasil. A manifestação foi causada por desconfiança de que lixo radioativo seria guardado nas instalações da mina. Descobriu-se, depois, que o material era urânio concentrado cedido pela Marinha para as INB.



((O)) Eco
Celso Calheiros

segunda-feira, julho 16, 2012

Após 6 horas, comissão aprova texto-1base da MP do Código Florestal


Insatisfeitos, ruralistas tentaram obstruir reunião e retardaram votação.

Propostas de alteração ao texto, no entanto, serão votadas em agosto.


Reunião da comissão especial designada para analisar a MP do Código Florestal (Foto: Leonardo Prado/Agência Câmara)
Reunião da comissão especial designada para analisar a MP do Código Florestal
(Foto: Leonardo Prado/Agência Câmara)

Após mais de seis horas de reunião, a comissão mista criada para analisar a medida provisória que muda Código Florestal aprovou o relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Foram 16 votos a favor e quatro obstruções (deputados que se abstiveram de votar para tentar impedir que fosse alcançado número mínimo de parlamentares necessários para a votação).
Os parlamentares analisarão os mais de 300 destaques,  que são propostas de alteração ao projeto, no dia 7 de agosto, após o recesso parlamentar.
A MP do Código Florestal foi assinada pela presidente Dilma Rousseff para preencher os vácuos deixados com os vetos ao novo Código Florestal aprovado pelo Congresso - segundo o governo, os vetos tiveram objetivo de favorecer a preservação ambiental. O relatório da MP flexibiliza as regras de recomposição nas margens de rios, mas o texto é alvo de críticas dos próprios ruralistas, que afirmam que haverá perdas para os produtores.
Insatisfeitos, ruralistas tentaram adiar ao máximo a análise do texto, com longos discursos e pedidos de adiamento. O deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), da bancada ruralista, apresentou voto em separado (alternativo ao texto do relator), com artigos que beneficiam os agricultores. O texto, contudo, não prevaleceu.
Para viabilizar a aprovação do relatório, Luiz Henrique fez modificação de última hora no texto. Ele permitiu aos produtores das áreas de cerrado da Amazônia Legal o uso livre de metade da propriedade, mesmo que a soma da reserva legal e da Área de Preservação Permanente (APP) represente mais que 50% do terreno.
O mesmo artigo do texto limita a soma de reserva legal e área de preservação permanente a 80% da propriedade nas áreas de floresta da Amazônia Legal, e 50% nas demais situações. Desse modo, o produtor terá garantido o uso de metade da propriedade ou 20% dela, no caso da Amazônia, mesmo que a vegetação nativa exceda esses percentuais.
Apesar de ser da bancada ruralista, a senadora Kátia Abreu (PSD-MT), defendeu o relatório de Luiz Henrique. “É óbvio que o ideal era que cada estado pudesse elaborar a sua própria legislação, respeitando as diferenças geográficas. Mas o texto do relator já é um avanço muito grande em relação ao que temos hoje”, afirmou.
Outros parlamentares ligados ao agronegócio, como o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), criticaram o relatório. Eles desejavam, sobretudo, que fosse reduzida para 15 metros a recomposição exigida dos médios produtores em áreas de plantio na margem de rios que estão entre as Áreas de Preservação Permanente (APPs), consideradas frágeis e necessárias para a conservação das águas.
A medida editada pela presidente Dilma Rousseff exige a recomposição de pelo menos 20 metros nas margens dos rios com até 10 metros para produtores com propriedades de tamanho entre 4 e 10 módulos.
Luiz Henrique apresentou uma alternativa aos 20 metros estabelecidos por Dilma, sem reduzir para 15 m, como reivindicam os produtores. O texto do senador mantém a exigência de recompor 20 metros, mas limitado à ocupação de 25% da propriedade.
“Pergunto quem vai pagar a conta? Qual é a fonte que vai pagar ao produtor rural o que ele vai deixar de produzir [em áreas de preservação permanente]?Temos que saber qual é a fonte que vai arcar com o que o produtor deixou de lucrar. Senão é benefício com chapéu alheio”, criticou Ronaldo Caiado.
Acusado pelos ruralistas de “ceder às pressões do governo”, o relator afirmou: “Eu não aceito nem aceitei pressões. O que busquei foi o consenso. Não adianta colocar coisa aqui que a presidenta vai vetar. Vai ser um gesto inútil!”
Por sua vez, os ambientalistas, representados pelo PV, também criticaram o relatório e acusaram Luiz Henrique de só ceder aos ruralistas. "O relator não acatou nenhuma das nossas emendas, nenhuma emenda ambientalista. Esse parecer está tendencioso", disse o deputado Zeca Sarney (PV-MA).
O PV criticou a supressão por Luiz Henrique dos parágrafos 9º e 10º, do artigo 4º, da MP, que estabeleciam as regras para definição de APPs nas áreas urbanas. O partido também condenou mudanças feitas no artigo 35º da MP que, segundo ambientalistas, possibilitam ao produtor recompor matas destruídas em áreas de preservação com plantio de “espécies frutíferas e exóticas”. Para o PV, o texto abre caminho para que o reflorestamento não seja feito com espécies nativas.
O relator, contudo, diz que o artigo só libera esse tipo de plantio onde não há reserva legal e APP. Outra crítica dos ambientalistas é quanto à possibilidade de o agricultor ter acesso a crédito e financiamento público apenas com a inscrição no Cadastro Ambiental Rural- CAR, sem ter que apresentar prova de isenção ambiental e legal. Assim, o produtor não precisará mais comprovar que está dentro da legalidade no tocante à conservação da reserva legal.
Antes da votação do texto, Luiz Henrique afirmou que a MP do Código Florestal “é o projeto da conciliação nacional.” “Servirá para garantir a conservação e assegurar a missão nacional de alimentar seu povo e alimentar o mundo. Posso falar com toda a independência que a presidente da República merece uma grande homenagem dos mais de 90% de produtores brasileiros que foram homenageados com essa proposta”, disse.

Vale este - Código Florestal - versão 5 (Foto:  )


Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

Peixes morrem na China após algas retirarem oxigênio de lago



Problema ocorreu na província de Hubei, região central do país.
Calor do verão e nutrientes na água teriam favorecido aumento das algas.


Peixes mortos (Foto: AP )Milhares de peixes apareceram mortos no domingo (15) às margens do lago South Lake, na cidade chinesa de Wuhan, na província de Hubei, região central do país. A imprensa local informou que o calor do verão e nutrientes na água causaram a proliferação de algas, que tiraram o oxigênio e mataram os animais (Foto: AP)
Peixes mortos 2 (Foto: AP)Chineses observam a morte de milhares de peixes no fim de semana, após proliferação de algas (Foto: AP)
Fonte:  Globo Natureza, em São Paulo

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quinta-feira, julho 12, 2012

ELEIÇÕES - ESTA É A HORA



Um artigo opinativo com o título “Mais bicicletas, mais acidentes”, publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo nesta semana, provocou polêmica sobre o direito e a prudência de se trafegar com bicicletas em cidades. Na esteira de informações descontextualizadas e conclusões precipitadas tomadas sem nenhum critério científico ou cuidado, veio a enxurrada de comentários em redes sociais classificando como suicidas ou malucos os que optam por tal alternativa e reforçando a ideia de que ruas e avenidas devem ser exclusivas para veículos motorizados. Em tempo de eleições municipais, vale discutir: as cidades devem ser feitas para automóveis ou pessoas? Será que o temerário, em termos de saúde pública e segurança, é buscar alternativas ou manter o sistema atual de mobilidade baseado em carros acelerando cada vez mais rápido em zonas residenciais? 

O texto do Diário Oficial, que merece atenção especial por estar em uma publicação oficial bancada com dinheiro dos contribuintes, tem como base principal informação divulgada no final de junho pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Segundo levantamento feito pela pasta, 9 ciclistas são internados por dia vítimas de acidente de trânsito e ao menos um deles morre no estado todo ano. Quando a informação foi divulgada, o Outras Vias entrou em contato com a assessoria de imprensa responsável para obter dados detalhados sobre onde aconteceram tais acidentes, quem são as vítimas, qual a relação entre o número de acidentes, a densidade demográfica das regiões e a evolução do uso de bicicleta como transporte, bem como informações relativas a internações e evolução de acidentes envolvendo motoristas, motociclistas e pedestres. 

Somente com dados completos e contextualizados é possível chegar a conclusões tal fortes como as apresentadas no texto. Conforme análises publicadas nos blogs Vá de Bike e Na Bike, estudos anteriores apontam justamente o contrário do que a manchete do texto deixa a entender. Quanto mais bicicletas nas ruas, menor é o número de acidentes. Quem pedala nas cidade e vive o trânsito, sabe disso.

Velocidade e cidades para pessoas
O pedido de mais informações sobre os acidentes de bicicletas foi enviado para a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde em 29 de junho e, até hoje, 13 dias depois, nenhuma informação mais completa foi disponibilizada. Em vez de permitir acesso ao levantamento no qual foi baseado o texto enviado para as redações, incluindo a do Diário Oficial, ou pelo menos detalhes que permitam uma abordagem mais completa sobre o tema, a assessoria de imprensa da pasta enviou ao Outras Vias um boletim com dados antigos do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas sobre o aumento do número de acidentes grave de motos. Não é suficiente, mas ajuda a ilustrar a necessidade de contextualizar informações para discutir mudanças, restrições e políticas públicas. 

A questão das motos é um problema que, ao contrário dos acidentes envolvendo bicicletas, tem recebido atenção e sido bem contextualizada por profissionais como os médicos Júlia Greve e Marcelo Rosa de Rezende. Os dois estão por trás do Programa de Redução de Acidentes, o HC em Movimento, e tem procurado chamar atenção para a necessidade de mudanças urgentes no que se refere ao transporte individual motorizado, em especial motos. "Mudar significa tirar o pé do acelerador, diminuir a velocidade, usar o veículo com responsabilidade e sabedoria, valorizar o transporte coletivo e preservar o espaço urbano para as pessoas. As cidades são feitas para pessoas e não para veículos", afirma a médica Júlia Greve, segundo o informe enviado.

Pensar em cidades para pessoas é justamente o ponto chave para se reduzir não só o número de acidentes, mas também o da poluição alarmante do ar – outra zona cinzenta, que coloca em risco a saúde de todos da cidade. Apesar de subnoticiados e tratados sem a atenção necessária pelos governantes, os índices de acidentes de trânsito e os de doenças respiratórias são alarmantes nos centros urbanos do país. Como apontado pelo Outras Vias na semana passada, especialistas do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) alertam que o monitoramento da qualidade do ar nas metrópoles brasileira é precário e insuficiente e que há necessidade urgente de revisão e atualização dos índices limites hoje vigentes.  Um estudo neste sentido, este sim científico, recheado de dados, contextualização e informações completas, esta prestes a ser divulgado. 

É com dados que se combate preconceito e sensacionalismo. Queiram os incomodados ou não, sa pessoas estão seenvolvendo, se organizando e buscando dados, a cobrança por mais transparência em relação a informações que devem ser públicas aumenta, e isso vai se refletir nas eleições. Não por acaso, em todo o Brasil grupos de ciclistas pressionam para que os candidatos às Prefeituras e às Câmaras Municipais de todo o país assumam compromissos em relação a mudanças necessárias. Neste final de semana, em São Paulo, dois candidatos à prefeitura, Gabriel Chalita (PMDB) e Fernando Haddad (PT) se dispuseram a discutir e assumir compromissos por mudanças. E é só o começo. 
Daniel Santini / ((O)) Eco