sexta-feira, junho 29, 2012

NOSSO CERRADO


Cerrado

Foto:
Estados: Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.
Área: 196.776.853 hectares
Tipos: Cerradão, cerrado típico, campo cerrado, campo sujo, e campo limpo.
Unidades: São várias as Unidades de Conservação no Cerrado, classificadas em Parques Nacionais, Estações Ecológicas, Refúgios da Vida Silvestre, Reservas Biológicas, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas e Reservas Particulares do Patrimônio Natural, totalizando 3.725.790,00 hectares.

Mapa
O Cerrado é a segunda formação vegetal do Brasil, ocupando 23,1% do território nacional. É constituído por árvores relativamente baixas, esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas. 

O solo é ácido e de baixa fertilidade, com altos níveis de ferro e alumínio. Sua topografia é plana e suavemente ondulada. A altitude está entre 300 e 600 m acima do nível do mar. Possui um longo período de seca, com precipitação média anual entre 1.200 e 1.800 mm. A temperatura média anual fica em torno de 22 a 23ºC. 

A flora possui mais de 10.000 espécies de plantas, sendo 4.400 endêmicas. A fauna apresenta 837 espécies de aves; 180 de mamíferos; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; 1.200 de peixes e apesar dos invertebrados serem pouco conhecidos, estimativas sugerem uma riqueza em torno de 90.000 espécies. 

Atualmente 45% da área do Domínio do Cerrado já foram transformadas em pastagens e área agrícolas, é de extrema importância que sejam criadas novas Unidades de Conservação.

Fauna

Flora

Video

Fonte: VIAEPTV.COM

REGIÃO AMAZONICA


Floresta Amazônica

Foto:


Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte dos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso.
Área: 368.989.221 hectares
Tipos: Floresta ombrófila densa; Floresta ombrófila aberta; Floresta estacional decidual e semidecidual; Campinarana; Formações pioneiras; Refúgios montanos; Savanas amazônicas; Matas de terra firme; Matas de várzea; Matas de igapós.
Unidades: A Amazônia está protegida por Unidades de Conservação (UC's): - Unidades de Conservação de Proteção Integral: 7,76% (Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas); - Unidades de Conservação de Uso Sustentável: 14,37% (Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais e Áreas de Proteção Ambiental). Totalizam 302 UC's com 127.353.798 hectares, sendo que 131 são federais e 171 estaduais.


Mapa


A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do Planeta possuindo um delicado equilíbrio ecológico. O solo deste bioma é frágil com baixos índices de nutrientes, é ligeiramente ácido e bastante arenoso, a floresta vive do seu próprio material orgânico, a fertilidade natural dos solos é baixa, os nutrientes minerais encontram-se na biomassa vegetal ficando uma pequena quantidade no solo, e a maior quantidade na camada superficial.

Neste bioma o clima é quente quase o ano inteiro, com uma temperatura média de 25ºC. Esta região é a mais úmida do país apresentando pluviosidade média de 2.000 mm ao ano. São duas as épocas do ano: a seca e a chuvosa.
A bacia hidrográfica Amazônica é a maior do mundo, tem como o principal rio, o Amazonas, com 1.100 afluentes. Os rios amazônicos, com suas praias, restingas, igarapés, matas inundadas, lagos de várzea e matupás (ilhas de vegetação aquática), assim como o estuário, são colonizados por uma enorme diversidade de plantas e animais. A Amazônia é conhecida como o principal centro de biodiversidade do mundo. Compilações recentes indicam aproximadamente que abriga pelo menos 334 espécies de mamíferos, 1.300 de aves, 550 de répteis, 163 de anfíbios, 1.800 de peixes e 3.712 registros de invertebrados
Os levantamentos de fauna e flora na Amazônia são muito dificultados pelo próprio tamanho da floresta, acredita-se que muitas espécies podem desaparecer antes de serem descobertas. A Floresta Amazônica é o berço de inúmeros povos indígenas e constitui-se numa riquíssima fonte de matéria-prima (alimentares, florestais, medicinais, energéticas e minerais).


Fauna

Flora

FAUNA


Cachorro-do-mato

Foto:

Nome Científico: Cerdocyon thous
Família: Canidae
Ordem: Carnívora
Distribuição: Desde a Venezuela e Colômbia até o Sul do Uruguai e Paraguai, excluindo as áreas baixas da Bacia Amazônica.
Habitat: Áreas florestais, campos e áreas alteradas e habitadas pelo homem.
Alimentação: Frutos, pequenos mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos e carniça.
Reprodução: O período de gestação é em média 56 dias. As fêmeas produzem de 3 a 6 filhotes por ninhada. Os filhotes pesam entre 120 e 160 gramas e são desmamados aos 90 dias.
O cachorro-do-mato circulam ao anoitecer. Ele pode ser observado andando aos pares, mas caça individualmente. Um adulto mede até 64 cm de comprimento, sem contar a cauda com 31 cm, e o peso pode chegar a 8,5 kg.

A pelagem é cinza com preto, às vezes também com marrom-claro. O cachorro-do-mato tem ainda patas pretas ou escuras e outras características são a cauda peluda com ponta preta e orelhas médias, ligeiramente arredondadas e escurars nas pontas. Devido ao alto consumo de frutos, podem agir como dispersores de sementes. 


Fonte: VIAEPTV.COM

CIDADES JARDINS


Das cidades jardins a segregação urbana

As cidades jardins são um modelo de cidade idealizado por Ebenezer Howard, no final do século XIX, onde ele propôs uma comunidade autônoma cercada por um cinturão verde num meio-termo entre campo e cidade. A ideia era aproveitar as vantagens do campo eliminando as desvantagens da grande cidade.
“Cidade e campo devem estar casados, 
e dessa feliz união nascerá uma 
nova esperança, uma nova vida, 
uma nova civilização” 
(Ebenezer Howard)


Ebenezer Howard foi um notável urbanista e criou o diagrama dos três imãs, escreveu apenas um único livro em vida intitulado Garden Cities of Tomorrow, onde ele procurou expor sua teoria urbanistica e ambientalista em uma época onde o mundo ainda estava na era do vapor e da queima de carvão. Howard notou já naquele tempo, que o processo de industrialização criava graves problemas ambientais e que agregado a isso o crescimento desfreado das cidades provocavapobreza, falta de moradia, de coleta de lixo, de rede de água e esgoto, ruas estreitas que impediam a circulação de ar e do sol, moradias amontoadas, poluição e falta de espaços para lazer, assim como umadegradação do ambiente urbano e dos recursos naturais. E que por conseqüência provocava a queda na qualidade de vida dos cidadãos.

Howard ao contrário de vários outros teóricos decidiu empreender e colocar sua ideia em prática e em parceria com outros sócios e invetidores chegou a construir duas Cidades Jardim: Letchworth em 1903 e Welwyn em 1920.
Plano piloto de Letchworth
Plano piloto de Welwyn












ideia de Howard era criar uma cidade autônoma, igualitáriacooperativista e onde os cidadãos teriam o máximocontanto com a natureza, e entre eles mesmos. Porém poucos na época entenderam realmente o conceito de cidade jardim criado por Howard, mas de qualquer maneira sua ideia se espalhou rapidamente e influenciou Walter Burley Griffin idealizador do projeto da capital australiana Canberra e Attilio Corrêa Lima no projeto de Goiânia. O conceito foi ainda empregado na criação de vários bairros na cidade de São Paulo pela Companhia City, inclusive o bairro que atualmente se chama Cidade Jardim.
Diagrama de Howard dos três ímãs
(Campo-Cidade- Meio termo Campo-cidade)
Com o tempo o conceito cidade jardim simplesmente foi reduzido a um bairro suburbano com áreas verdes e afastado do centro da cidade, o mercado imobiliário foi um dos grandes responsáveis por essa distorção, e com o passar do tempo e até os dias atuais o conceito de cidade jardim é utilizado por construtoras e urbanizadoras para lançamentos de condominios fechados de alto padrão afastados do centro com arborização e áreas verdes que justificariam o nome Jardim.
Welwyn

Letchworth

As grandes cidades brasileiras hoje vivem uma realidade muito semelhante das grandes cidades européias que inspiraram Howard na época, cidades com problemas de poluíção, transporte,  falta de áreas verdes e de lazer e cercadas de um colossal problema social como favelas e moradias irregulares, e tal como foi naquela época o conceito de cidade jardim hoje baseia um pensamento comum das elites e emergente classe média brasileira de se proteger da grande cidade e sesegregar voluntariamente e espacialmente da realidade que o cerca indo morar nos condomínios fechados, como se fosse uma "realidade paralela", uma vez que desde o estilo das casas como a do cotidiado nos moradores em muito lembram a relidade das classes médias de países desenvolvidos.
Disparidade entre a favela de
Paraisópolis e o bairro do Morumbi
(São Paulo - SP
Disparidade entre o condomínio
Lagoa Azul e os seus vizinhos
(Ananindeua-Pará)














Referências:

FONTE: BLOG VERDADES URBANAS

Capitais projetadas do Brasil


Capitais projetadas do Brasil

Existe uma diferença muito importante de cidades projetadas e cidades planejadas, enquanto que a primeira também chamada de “cidade artificial” é caracteristicamente pensada do zero para algum fim específico, como para ser uma cidade administrativa no caso das capitais, enquanto que a segunda refere-se a “cidades espontâneas” que nasceram esporadicamente e sem planejamento ou destinação inicial, e com o passar do tempo cresceram, adquirindo característica específica e em alguns casos, a partir de algum dado momento de sua história passaram a planejar seu crescimento. De maneira geral a grande diferença entre as cidades artificiais e espontâneas é que enquanto as espontâneas cresceram desordenadamente, as      artificiais surgiram como uma forma de tentar corrigir os problemas encontrados nas cidades espontâneas.

A indícios de que as primeiras cidades projetadas surgiram no Vale do Rio Indu, berço da civilização indiana, onde surgiu também uma das primeiras civilizações urbanas há aproximadamente 4.600 anos atrás. Séculos depois os romanos desenvolveram um padrão de planejamento urbano que consistia de uma praça central rodeada de todos os principais prédios públicos e comerciais, cortada por um rio, para que a cidade tivesse água para beber e despejar esgoto, assim como uma muralha para defendê-la.

Salvador, 1549
Plano piloto original de Salvador - 1549

Salvador - BA









No Brasil pode ser considerada como a primeira capital projetada do país a cidade de Salvador, projetada e pensada e executada pelo mestre de ObrasLuis Dias, desde o inicio foi projetada para ser a primeira capital do Brasil e do recém criado governo geral do Brasil em 1549, já pensada com uma função administrativa e militar para ser o braço colonial do Império Português no novo mundo e posto que manteria pelos 200 anos seguintes.

Teresina, 1852
Teresina

Séculos depois já no período imperial Teresina seria a segunda capital brasileira projetada para ser capital, em1852. Teresina foi projetada por José Antônio Saraiva e João Isidoro França, e recebeu esse nome por conta daimperatriz Teresa Cristina que inverteu junto ao imperador D. Pedro II para que houvesse a mudança da capital da província de Oeiras para Teresina.

Aracajú, 1855
Aracajú

Logo após Teresina, em 1855, Sergipe mudou sua capital de São Cristóvão para Aracajú que foi projetada e construída para ser a nova capital da província, e Aracajú foi projetada em forma de um tabuleiro de xadrez pelo engenheiro Sebastião José Basílio Pirro, que mesmo encontrando enormes dificuldades graças ao solo pantanoso conseguiu erguer a cidade que prosperou rapidamente e contribuindo graças a sua localização para escoar a produção agrícola de Sergipe.

Belo Horizonte, 1897
Plano piloto de Belo Horizonte - 1894

Em 1897 Ouro Preto deixava de ser capital de Minas Gerais e Belo Horizonte foi inaugurada para ser a nova capital do Estado, a primeira da recém fundada república, projetada por Aarão Reis recebeu fortes influencias deGeorges Eugéne Haussmann, o controverso prefeito de Paris nomeado por Napoleão III para “re-urbanizar a cidade luz”, que também ficou conhecido como “O artista demolidor”, o que deu a Belo Horizonte características modernas para a época como: Condições de higiene e circulação humana, grandes boulevards circulantes epreocupação de dividir a cidade em zona urbana central, zona suburbana e zona rural.


Goiânia, 1935
Plano piloto de Goiânia 1932

Goiânia
Durante quase dois séculos os governos goianos ambicionavam a mudança da capital de Goiás da antiga Cidade de Goiás, até que em 1935 era inauguradaGoiânia, graças aos trabalhos do interventor de Goiás Pedro Ludovico e projetada pelo urbanista Atíllio Corrêa Lima. O plano piloto de Goiânia foi fortemente influenciado pelo modelo de cidade jardim proposto por Ebenezer Howard, onde foram planejados grandes parques e áreas verdes, o que lhe conferiu o maior percentual de áreas verdes por habitantes do Brasil, a cidade também detém uma das melhores IDH do país e um grande patrimônio arquitetônico do estilo Art Déco.

Brasília, 1960
Plano piloto de Brasilia elaborado por Lúcio Costa

Desde o período colonial já se tinha planos para interiorizar a capital do Brasil, o 1º ministro português Marques de Pombal foi o primeiro a sugerir a construção da “Nova Lisboa” no planalto central em 1761, após a independência o 1º ministro do império José Bonifácio foi o primeiro a nomear a futura capital de Brasília em 1823, a idéia nunca foi institucionalizada até a primeira constituição republicana em 1891, que determinada a demarcação de uma área no planalto central, para a construção da futura capital, e foi lançada uma expedição chamada missão Cruls em 1893 que estudou a topografia, a fauna e a flora do atual Distrito Federal e nomearam a futura capital de Vera Cruz.
Proposta de Plano Piloto para a
futura capital Vera Cruz

Proposta para futura capital
Depois de séculos de idealizações e décadas de estudos e especulações o então candidato a presidência, Juscelino Kubistchek após ser indagado por um eleitor, no interior de Goiás, se iria respeitar a constituição e interiorizar a capital federal, decide tornar Brasília a meta síntese do seu audacioso e até hoje controverso Plano de Metas. Após um concurso para escolha do projeto, o plano piloto do arquiteto e urbanista Lúcio Costa é aprovado, com fortes influências de Le Corbusier e inspirado na carta de Atenas, tendo Oscar Niemeyer sido encarregado do projeto dos prédios públicos deram inicio a maior epopéia brasileira de todos os tempos. Lucio Costa criou um plano piloto que faz referência a Cruz e que popularmente lembra um avião.





















Tenho a impressão de que estou desembarcando em um planeta diferente, não na Terra 

(Cosmonauta Yuri Gagarin ao visitar Brasília em 1961)
Juscelino e Lúcio Costa


Palmas, 1990
Plano piloto de Palmas

mais nova capital do Brasil e a última projetada no século XX, é o resultado da criação do Estado do Tocantins, fruto de mais de dois séculos de lutas do norte de Goiás em querer se separar do sul. Palmas foi projetada inteiramente do Zero no centro do Tocantins pelos arquitetos Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira Filho, a cidade também teve forte inspiração em Le Corbusier e foi construída de modo muito semelhante a Brasília. Hoje com pouco mais de 20 anos de inauguração, a capital tocantinense detém osegundo melhor IDH do Nortesegunda capital mais segura do Brasil, 70% das quadras estão habitadas pavimentadas, 98% da população já conta com acesso a saneamento básico e água tratada e conta com um índice de crescimento econômico de 8,5% ano, superando a média do estado e o dobro da média nacional. Palmas é uma capital monumental, com “construções faraônicas”, marcada por uma arquitetura pós-moderna de uma cidade que almeja ser metrópole um dia.
Traçado urbano de Palmas - Praça dos girassóis 


Monumento a Júlio Prestes - Palmas
As capitais projetadas surgiram como uma forma de tentar corrigir os problemas das antigas capitais espontâneas, mas também para servir a propósitos políticos variados e cumprir projetos econômicos do grande capital, e das elites regionais. Estas cidades também chamadas de “artificiais” principalmente as duas últimas citadas (Brasília e Palmas), levantam também muitas criticas por que foram projetadas pensando no carro particular e geraram uma“falta de identidade cultural”. No caso de Brasília muitos alegam que ela saiu do seu plano piloto, mas temos que entender as cidades como organismos vivos, compostas de seres humanos e economias dinâmicas que crescem e se desenvolvem continuamente e de maneira muitas vezes imprevisível. De modo geral as capitais planejadas serviram e continuam servindo a seu propósito original, servindo não somente como sedes administrativas, mas também como centros econômicos, industriais, comerciais, turísticos e culturais de suas regiões.

Fonte: Verdades Urbanas

Aquecimento


Apesar de incertezas, dados sobre aquecimento estão cada vez mais fortes

  
Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress
Paulo Artaxo, físico da USP e membro do IPCC, o painel do clima da ONU, mostra o rascunho de um dos capítulos do próximo relatório do grupo, a ser lançado no ano que vem. O gráfico, uma estimativa da influência das nuvens e dos aerossóis (partículas em suspensão no ar) sobre o clima da Terra, pode parecer decepcionante para quem quer respostas prontas da ciência. Do último relatório do IPCC (de 2007) para cá, a incerteza sobre esse fator aumentou, em vez de cair.
Paradoxalmente, diz ele, isso se deu porque a ciência do clima melhorou, incorporando cada vez mais a complexidade da natureza em seus modelos computacionais, usados para prever como será a Terra do futuro.
 
O resultado desses avanços não deve fazer os céticos sobre o aquecimento global cantarem vitória. Incertezas à parte, é muito difícil abalar a alta probabilidade de que, ao longo deste século, o planeta vai esquentar mais alguns graus Celsius (algo entre 2º C e 5º C).
 
"Eu não acredito que isso seja um cenário de fim de mundo, mas as consequências sociais e econômicas vão ser sérias", sentencia Artaxo.
 
Ele e outros pesquisadores de destaque da área, ouvidos pela Folha, são unânimes em dar de ombros diante do recente mea culpa do britânico James Lovelock.
 

GAIA E CIÊNCIA


Criador da célebre hipótese Gaia (que enxerga a Terra como um gigantesco ser vivo), ele causou barulho ao dizer, anos atrás, que o aquecimento global mataria bilhões de pessoas até 2100, confinando os poucos sobreviventes no Ártico.
 
No mês passado, ele se retratou, dizendo estranhar porque o planeta ainda não esquentou mais.
 
"Eu não sei se ele esperava um aquecimento maior, mas posso dizer que o aquecimento que de fato ocorreu [cerca de 1ºC] está perfeitamente de acordo com as previsões do IPCC", diz Artaxo.
 
"E note que em nenhum momento ele nega que o aquecimento esteja ocorrendo ou seja causado pela ação humana", completa Tercio Abrizzi, meteorologista do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.
 
A temperatura global, neste começo de século 21, parece mais ou menos estacionada no nível mais quente alcançado no fim do século 20.
 
"É preciso lembrar, primeiro, que esses degraus são previstos nos modelos climáticos", diz Abrizzi. "E há excelentes trabalhos recentes mostrando que as camadas superficiais do oceano estão ficando mais quentes." É como se eles, temporariamente, funcionassem como um "amortecedor" do clima.
 
Outro possível amortecedor são os aerossóis, como as partículas de enxofre liberadas pela poluição industrial. Amargo paradoxo: tornar o ar das cidades mais respirável pode engatar a quinta marcha do aquecimento.
 
"Há inúmeros tipos de aerossóis e nuvens, que podem se comportar de um jeito no nível do mar, de outro a 1.000 m de altitude e de outro na estratosfera", diz Artaxo.
 
É por causa dessa complexidade que a incerteza dos modelos cresce. Mas, como a proverbial faca, ela corta dos dois lados: pode muito bem revelar um risco ainda maior da mudança climática.


Fonte: Folha de S. Paulo.